Small caps disparam mesmo com juros altos — o que o mercado já está antecipando

 


Com fim do ciclo de alta da Selic, investidores voltam a mirar ações ligadas ao consumo interno.


Alta das ações surpreende após tom duro do Copom
Apesar do tom firme adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião, ações de empresas voltadas ao consumo interno têm acumulado ganhos expressivos. Mesmo com a sinalização de que a Selic deve permanecer elevada por um período prolongado, o mercado já precifica o fim do ciclo de aperto monetário — e isso tem beneficiado especialmente as small caps.


Valuation já embute expectativa de corte em 2026
Na ata divulgada nesta terça-feira (24), o Copom reforçou por diversas vezes que a política monetária seguirá contracionista por tempo considerável. Mesmo assim, para investidores e analistas, o simples fato de não haver previsão de novas altas já é suficiente para reavaliar o valor de ativos ligados à economia doméstica. A curva de juros futuros, inclusive, já projeta cortes a partir de 2026.


Empresas de menor porte puxam a recuperação
Ações como AZZA3, VAMO3 e CVCB3 subiram até 7% no pregão de hoje, impulsionadas pelo alívio nas expectativas de aperto adicional. O índice SMLL, que reúne small caps da Bolsa, acumula alta de 22% no ano, bem acima dos cerca de 10% do Ibovespa. Entre os destaques de 2024 estão Méliuz, Cogna, Ser Educacional e Ânima, que já mais que dobraram de valor.


Curvas futuras e fluxo de capital explicam otimismo
Segundo analistas, mesmo uma queda modesta nos juros — como 0,25 ponto percentual — pode aumentar consideravelmente o valor presente dos fluxos de caixa de empresas alavancadas. Essa lógica tem levado investidores a reprecificar ativos com base na expectativa de melhora nos fundamentos macroeconômicos.


Investidores estrangeiros voltam ao mercado brasileiro
Outro fator relevante é a volta do capital internacional. Só até meados de junho, o Ibovespa atraiu cerca de R$ 20 bilhões em investimentos estrangeiros. Parte desses recursos tem migrado para ações de menor liquidez e forte exposição ao mercado interno, especialmente nos setores de consumo e educação.


Cenário externo também colabora para o movimento
A possibilidade de um cessar-fogo duradouro no Oriente Médio e o consequente alívio nos preços do petróleo contribuem para a estabilização da inflação global. Se confirmada, essa tendência pode acelerar os cortes de juros tanto nos EUA quanto no Brasil, o que fortaleceria ainda mais a tese de valorização das ações domésticas.


Setores em destaque: varejo, educação e turismo
Entre os segmentos mais beneficiados pela expectativa de queda nos juros estão varejo, educação, turismo, leasing e fidelização. A performance da Méliuz, com alta de quase 200% no ano, simboliza a recuperação de empresas que foram duramente penalizadas com os juros altos. Segundo especialistas, muitas dessas companhias ainda têm espaço para avançar caso o cenário se mantenha favorável.

Comentários