Os traders de petróleo enfrentaram dias de grande instabilidade nas últimas semanas, marcadas por ataques dos Estados Unidos ao Irã e a possibilidade de uma grave interrupção nos fluxos de petróleo. Em meio a esse cenário, o mercado reviveu cenas que remetem à Guerra do Golfo de 1991, quando um bombardeio ao Iraque causou pânico nos preços do barril – que subiram de forma abrupta e caíram em seguida ao se confirmar que a oferta não seria comprometida.
Trinta anos depois, o padrão se repetiu. Os preços do petróleo subiram e caíram de forma acentuada em um curto período de 12 dias, representando uma das fases mais voláteis desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. A instabilidade, alimentada por rumores e sinais ambíguos do Oriente Médio, fez com que operadores ao redor do mundo trabalhassem em regime de plantão, em constante contato com fontes do governo, forças militares e redes sociais em busca de qualquer vantagem informativa.
Mercado mais resistente ao pânico
Diferente de décadas anteriores, os traders de hoje parecem menos sensíveis ao choque inicial das manchetes. A reação imediata aos ataques ainda provoca saltos nos preços, mas, com a continuidade dos fluxos de petróleo – especialmente no Estreito de Ormuz, ponto crucial para a exportação da commodity –, as valorizações logo se revertem em fortes quedas.
O mercado passou a analisar cada evento sob a ótica da oferta e demanda real. Apesar da tensão, petroleiros continuaram transportando barris iranianos em ritmo até 40% superior à média anual. Mesmo com navios sendo reposicionados por segurança, os volumes exportados não diminuíram, o que reduziu o temor de um colapso na oferta global.
Traders intensificam uso de opções
Com o aumento da volatilidade, muitos investidores optaram por migrar do mercado de futuros para o de opções de compra, considerado uma forma mais segura de especular ou se proteger diante de movimentos imprevisíveis. O volume negociado em apenas sete dias foi equivalente ao que normalmente se vê em meses.
Embora muitos contratos tenham apostado em um barril a US$ 100, os volumes atuais dessas apostas são menores do que em momentos anteriores de tensão. Isso mostra que, mesmo em meio ao risco, o mercado está mais cauteloso e menos propenso a movimentos de euforia.
Finais de semana críticos e incertezas persistentes
Dois fins de semana se tornaram decisivos. No primeiro, os preços subiram e caíram rapidamente. No segundo, após um ataque dos EUA a instalações iranianas, muitos esperavam um confronto direto. Mas a resposta contida do Irã surpreendeu e levou o petróleo a despencar mais de US$ 10 em um único dia.
A nova lógica dos investidores parece clara: em vez de comprar no calor da crise, agora eles esperam pela confirmação de impactos reais na oferta para definir suas apostas. Isso mostra que o mercado está mais racional, mas continua sujeito a oscilações intensas diante de qualquer mudança no cenário internacional.
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