O mercado financeiro global passou por um dia de reações mistas nesta segunda-feira, em meio à escalada do conflito no Oriente Médio e sinais de mudança na política monetária dos Estados Unidos. Embora a entrada dos EUA na guerra entre Irã e Israel tenha gerado apreensão, o impacto inicial nos mercados foi mais contido do que o esperado, abrindo caminho para uma leve queda do dólar frente ao real no Brasil.
Durante a sessão, o dólar comercial encerrou em baixa de 0,42%, cotado a R$ 5,5041, refletindo um movimento de acomodação após momentos de alta causados pelos temores de um desdobramento mais intenso no conflito regional. No acumulado do ano, a moeda norte-americana apresenta uma queda expressiva de quase 11% diante da moeda brasileira, um reflexo da combinação entre fatores externos e internos.
Os investidores monitoraram atentamente a possibilidade de retaliação iraniana após os ataques norte-americanos a instalações nucleares do Irã, realizados no último fim de semana. O receio maior está no fechamento do Estreito de Ormuz, rota fundamental para o transporte de quase um quarto do petróleo comercializado mundialmente. Caso ocorra uma interrupção no fornecimento, o impacto nos preços da energia pode ser severo, afetando a inflação e desacelerando o crescimento econômico global.
No início do dia, esse cenário de risco levou o dólar a se valorizar frente a moedas emergentes e até mesmo o real, em busca de segurança por parte dos investidores. Contudo, o sentimento mudou após declarações da diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman, que sugeriu a proximidade de um possível corte nas taxas de juros nos Estados Unidos já na reunião de julho. Isso alimentou expectativas de estímulo monetário para sustentar o mercado de trabalho, provocando uma queda nos rendimentos dos títulos públicos americanos e enfraquecendo a moeda norte-americana.
O índice do dólar, que compara seu desempenho a uma cesta de seis outras moedas importantes, recuou 0,21% e terminou o dia em 98,710 pontos. Esse enfraquecimento foi sentido também no Brasil, onde o dólar para o contrato mais negociado na B3, com vencimento em julho, teve queda de 0,28%, cotado a R$ 5,5090.
Além dos fatores ligados ao Oriente Médio e à política monetária americana, o mercado acompanha as projeções econômicas internas, com a inflação no Brasil mostrando ligeira desaceleração e a taxa Selic sendo esperada em 15% até o fim do ano. Também são aguardadas decisões e declarações de autoridades do Banco Central brasileiro, além de desdobramentos nas negociações comerciais dos EUA com parceiros como Japão e União Europeia, sobretudo com o fim próximo da pausa em tarifas que vigoram desde o início do ano.
Em meio a este cenário complexo, o comportamento do dólar e dos mercados financeiros segue bastante sensível a notícias políticas e econômicas, com os investidores buscando sinais claros para ajustar suas estratégias. Os próximos dias prometem ser decisivos para entender os rumos do conflito no Oriente Médio, as decisões do Federal Reserve e os impactos na economia global e brasileira.
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