Secretário do Tesouro diz que parceiros terão que escolher entre acordo ou retorno a tarifas de abril
O governo dos Estados Unidos elevou o tom nesta segunda-feira (7) ao confirmar que países que não fecharem acordo comercial até 1º de agosto enfrentarão o retorno das tarifas impostas em abril deste ano. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, os termos tarifários voltarão como um “boomerang”: ao nível anterior à suspensão temporária, que previa taxas de até 50%.
“O presidente Trump vai enviar cartas para alguns de nossos parceiros comerciais dizendo que, se vocês não avançarem nas negociações, então, em 1º de agosto, vocês voltarão ao nível de tarifas de 2 de abril”, disse Bessent, em entrevista ao programa State of the Union, da CNN. As declarações também foram repercutidas pela CNBC.
Um ultimato com margem para manobra
Bessent negou que o 1º de agosto represente um novo prazo de negociação, embora a própria definição dessa data estenda, na prática, o tempo para que os países evitem o agravamento da guerra tarifária. “Estamos dizendo que é quando isso vai acontecer; se quiserem acelerar as coisas, fiquem à vontade. Se quiserem voltar à taxa antiga, essa é a escolha de vocês”, afirmou o secretário.
Na prática, o anúncio acirra o clima de tensão entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, especialmente União Europeia, China, México e Canadá. O temor de novas retaliações afeta diretamente os mercados financeiros, que já reagem com volatilidade e cautela desde a confirmação do novo calendário de tarifas.
A retomada de uma guerra tarifária global
As tarifas citadas por Bessent fazem parte do pacote anunciado em abril pelo presidente Donald Trump, que estabelecia uma taxa base de 10% sobre produtos importados e faixas adicionais que poderiam alcançar até 50%, dependendo do país e do setor.
No entanto, sob pressão do setor produtivo americano e dos mercados internacionais, o governo suspendeu temporariamente a aplicação das tarifas mais elevadas por 90 dias, para permitir a renegociação de acordos. Esse período de trégua se encerra em 9 de julho, mas a entrada efetiva das tarifas ocorrerá somente em 1º de agosto, conforme a nova diretriz do governo.
Trump já adiantou que, se os acordos não avançarem, algumas tarifas poderão ser ainda mais severas, chegando a 70%. Isso preocupa exportadores e investidores, especialmente nas áreas de tecnologia, automóveis, aço e agronegócio.
Reações e próximos passos
Ainda não houve uma resposta formal da União Europeia ou da China às novas declarações de Bessent. Porém, analistas indicam que a mudança nas regras pode gerar represálias comerciais e ações legais na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nos próximos dias, o mercado deve acompanhar com atenção os desdobramentos das cartas enviadas por Trump e o posicionamento de países estratégicos diante do risco de um retrocesso tarifário em larga escala.
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