Brasileiros já podem pagar compras nos EUA com Pix — enquanto Trump mira o sistema em nova investigação
Enquanto o Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, se torna alvo de uma investigação oficial dos Estados Unidos, uma novidade promete facilitar a vida dos viajantes brasileiros. Uma parceria entre a fintech PagBrasil e a Verifone, gigante global de tecnologia de pagamento, passou a permitir que compras feitas em território americano sejam quitadas diretamente via Pix.
A nova ferramenta representa um passo inédito para o meio de pagamento mais popular do Brasil. Antes, mesmo viajando, o consumidor precisava recorrer a alternativas, como cartões de crédito ou transferências bancárias, quase sempre com tarifas e IOF mais altos. Agora, basta que o lojista nos EUA utilize a maquininha da Verifone: ele digita o valor da compra em dólares, o sistema gera um QR Code e o cliente brasileiro paga instantaneamente escaneando o código pelo aplicativo do seu banco.
Como funciona o Pix nos EUA
Segundo a PagBrasil, o valor em dólares é convertido na hora, já incluindo a taxa de 3,5% de IOF, e apresentado em reais ao consumidor antes da confirmação. A fintech afirma que, além do imposto, não há tarifa percentual, apenas uma taxa fixa por transação — o que promete ser mais barato que usar cartão de crédito internacional, por exemplo.
A novidade já está disponível em lojas de varejo dos EUA, e a expectativa é que a adoção se amplie em destinos populares como Orlando, Miami, Nova York e Las Vegas, pontos favoritos dos turistas brasileiros.
De acordo com dados da Embratur, mais de 2 milhões de brasileiros visitam os Estados Unidos todos os anos. A possibilidade de pagar diretamente via Pix pode reduzir custos de câmbio e simplificar as compras, sem depender de faturas futuras ou surpresas com variação do dólar.
EUA investigam o Pix e veem ameaça à concorrência
A expansão internacional do Pix, porém, ocorre no momento em que o sistema é alvo de um processo de investigação pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR). O procedimento foi solicitado pelo presidente Donald Trump sob a Section 301 da Lei Comercial de 1974, a mesma base legal que embasou guerras comerciais anteriores, como a disputa entre EUA e China.
O governo americano alega que o Pix, por ter sido desenvolvido e incentivado pelo governo brasileiro, cria distorções de mercado ao favorecer um sistema público em detrimento de empresas privadas internacionais. Entre os principais interessados estão Visa e Mastercard, gigantes americanas do setor de pagamentos, que veem no Pix um competidor de peso.
A investigação prevê consultas diplomáticas e uma audiência pública marcada para o dia 3 de setembro de 2025. Dependendo do resultado, os EUA podem adotar medidas punitivas, como tarifas ou restrições, contra o Brasil.
Mais autonomia para o turista brasileiro
Enquanto isso, a adoção do Pix fora do Brasil avança em ritmo acelerado. A solução da PagBrasil é um exemplo de como o sistema se consolida como meio de pagamento internacional, ampliando a autonomia do consumidor brasileiro, mesmo em destinos onde antes era preciso se sujeitar a taxas de cartões ou casas de câmbio.
O episódio reforça o debate sobre o poder transformador do Pix, que hoje já movimenta mais de R$ 1 trilhão por mês no Brasil e, agora, ganha força como solução global — ainda que isso incomode gigantes do setor financeiro.
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