O volume de recursos mantido por brasileiros fora do país atingiu cifras impressionantes em 2024. Segundo dados do Banco Central, divulgados nesta sexta-feira (25), o total declarado por pessoas físicas e jurídicas chegou a US$ 654,5 bilhões. Esses números fazem parte do levantamento anual de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), que busca mapear onde e como os residentes no Brasil aplicam seu dinheiro fora do território nacional.
A declaração é obrigatória para quem possui bens, direitos ou ativos de qualquer natureza no exterior em valores iguais ou superiores a US$ 1 milhão. O objetivo é reunir informações para fins estatísticos, alimentando a base de dados que traça o perfil do investimento internacional ligado ao Brasil.
Quantos brasileiros enviam dinheiro para fora?
Ao todo, 29.068 brasileiros declararam ter ativos no exterior na data-base de 31 de dezembro de 2024. A maior parte, 25.208, são pessoas físicas que, juntas, somam US$ 245,4 bilhões aplicados fora do Brasil. Já as empresas representam 3.860 declarações, responsáveis por US$ 409,1 bilhões do total.
Esses valores mostram que as empresas ainda concentram a maior parte do capital externo, mas o volume mantido por indivíduos também chama atenção, apontando para um movimento crescente de diversificação patrimonial internacional.
Onde está aplicado o dinheiro dos brasileiros?
Quando se observa a distribuição por tipo de investimento, fica claro que os brasileiros preferem aportar diretamente no setor produtivo. Só nessa categoria foram US$ 503,9 bilhões, valor que inclui participação em empresas e subsidiárias estrangeiras.
Na sequência aparecem outros tipos de aplicações, como créditos comerciais, empréstimos e moedas estrangeiras, que somam US$ 86,5 bilhões. Já os investimentos em carteira, que englobam ações e títulos de renda fixa, respondem por US$ 62,8 bilhões.
Para quais países vai esse capital?
Os Países Baixos lideram como destino preferido para o dinheiro brasileiro investido em participação de capital, totalizando US$ 95 bilhões. Logo depois vêm Ilhas Virgens Britânicas, com US$ 83,3 bilhões, e Ilhas Cayman, com US$ 73,2 bilhões. Outros paraísos fiscais, como Bahamas (US$ 58,1 bilhões) e Luxemburgo (US$ 35,1 bilhões), também estão entre os destinos principais, além dos Estados Unidos, que recebem US$ 20,9 bilhões.
A escolha por jurisdições conhecidas por benefícios fiscais e maior liberdade regulatória ajuda a explicar por que tantos recursos seguem para esses destinos, principalmente quando o objetivo é reduzir a carga tributária ou diversificar os investimentos.
Setores que mais atraem investimentos
Analisando a divisão por atividade econômica, o setor de serviços, com destaque para serviços financeiros e holdings, absorve a maior fatia: US$ 313,6 bilhões. Na sequência, estão os investimentos em agricultura, pecuária e extrativismo mineral, com US$ 86,9 bilhões — principalmente em petróleo e gás natural. Já a indústria captou US$ 42 bilhões de recursos brasileiros em 2024.
Além da declaração anual, quem possui mais de US$ 100 milhões em ativos também é obrigado a declarar trimestralmente ao Banco Central, reforçando o monitoramento de capitais e a transparência sobre o patrimônio brasileiro fora do país.
Tendência de olho no exterior
Com as incertezas fiscais e políticas no Brasil, cresce o movimento de enviar parte do patrimônio para fora. Para muitos, trata-se de uma estratégia de proteção e diversificação. De olho em melhores condições, brasileiros seguem apostando em diferentes mercados — e os números mostram que essa tendência deve continuar.
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