Dólar volta a cair, mas ruído político e disputa no STF travam ânimo do mercado
O Ibovespa fechou esta quarta-feira (2) em baixa de 0,36%, aos 138.050 pontos, revertendo parte dos ganhos da véspera. Mesmo com as ações da Vale e da Petrobras em forte alta, o principal índice da Bolsa brasileira não sustentou o avanço, pressionado pelas incertezas políticas e fiscais. O dólar, por outro lado, caiu 0,74%, a R$ 5,421, o menor valor desde agosto de 2024.
Crise entre Executivo e Legislativo chega ao STF com disputa sobre o IOF
A queda do Ibovespa foi puxada por mais um capítulo da crise entre o Palácio do Planalto e o Congresso, desta vez com o Supremo Tribunal Federal (STF) envolvido. O motivo é o decreto do presidente Lula que aumentava o IOF, derrubado pelo Legislativo. O governo agora judicializa o tema.
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trata-se de uma “questão jurídica”. Já o presidente Lula classificou como “absurda” a decisão da Câmara, sinalizando que vai ao STF para “recolocar as coisas no lugar”. O embate político gera apreensão no mercado, principalmente por dificultar o avanço de pautas econômicas.
Reforma administrativa volta ao debate em meio à turbulência política
Em meio à instabilidade, o presidente da Câmara, Hugo Motta, reacendeu a discussão sobre a reforma administrativa, vista como essencial pelo mercado. Deputados como Pedro Paulo defenderam medidas como desvinculação de gastos sociais, contenção de despesas em saúde e educação e revisão de isenções tributárias.
Analistas financeiros apontam que, mesmo com a tensão institucional, existe uma janela para aprovar reformas, mas o governo precisa melhorar sua articulação política.
Fazenda prevê Selic menor com corte de benefícios fiscais
Apesar da turbulência, a equipe econômica segue tentando mostrar controle da situação. O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o plano de revisão de benefícios tributários pode render até R$ 20 bilhões em 2026 e abrir espaço para queda da Selic.
No entanto, o Banco Central ainda adota tom cauteloso. O Copom avalia que o cenário inflacionário exige mais tempo de política monetária restritiva antes de cortes adicionais na taxa básica.
Dados da indústria e do mercado de trabalho impactam o humor global
A produção industrial brasileira caiu 0,5% em maio, mas o dado veio dentro do esperado. O desempenho interanual foi positivo (+3,3%), sustentando uma leve tendência de alta. No exterior, os EUA divulgaram fechamento inesperado de 33 mil vagas no setor privado, o que elevou a preocupação com a desaceleração da maior economia do mundo.
Vale e Petrobras seguram perdas, mas bancos e varejo pesam no índice
Entre os destaques positivos do dia, Vale (VALE3) disparou 3,64% com alta do minério na China e Petrobras (PETR4) subiu 1,78% acompanhando o petróleo. Mesmo assim, o peso de bancos como Bradesco (-1,82%) e Itaú (-0,81%), além de varejistas como Magazine Luiza (-6,59%), foi decisivo para a queda do índice.
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