Dólar em Alta: Qual o Verdadeiro Impacto das Tarifas de Trump e as Decisões do Fed e Copom no Câmbio?
Nesta quarta-feira (30), o dólar voltou a se valorizar frente ao real, seguindo um movimento global de fortalecimento da moeda americana em meio a tensões comerciais e expectativas econômicas. Às 13h38, a cotação do dólar à vista avançava 0,95%, alcançando R$ 5,622 na venda — um salto em comparação ao fechamento do dia anterior, quando a moeda encerrou com queda de 0,43%, cotada a R$ 5,5686.
A alta reflete uma combinação de fatores externos e internos que movimentam o mercado financeiro nesta chamada “Super Quarta”, dia marcado por decisões cruciais de política monetária tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
No cenário internacional, um dos principais gatilhos é a decisão do presidente americano Donald Trump de manter firme o cronograma para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida, que amplia um pacote anterior de sobretaxas — como a tarifa extra de 25% sobre importações da Índia —, reforça o temor de um ambiente mais hostil para o comércio global.
A pressão tarifária não se limita ao Brasil. Trump também endureceu o discurso contra a Índia, alegando que o país “pagará caro” por diversos motivos, ainda não detalhados. Analistas interpretam a retórica como parte de uma estratégia política em ano de disputa eleitoral nos EUA, usando a política comercial como ferramenta de pressão geopolítica.
Além das tarifas, o mercado cambial acompanha atentamente a correção nos rendimentos dos Treasuries — os títulos do governo americano. Esse movimento indica uma maior demanda por segurança, o que fortalece o dólar mundialmente.
Outro ponto de atenção é a expectativa pelas decisões de juros nos EUA e no Brasil. O Federal Reserve (Fed) anuncia sua decisão às 15h, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga seu veredicto após 18h30. O consenso do mercado aponta para a manutenção das taxas em ambos os casos, mas o tom dos comunicados pode mudar apostas para os próximos meses, afetando o fluxo de capital estrangeiro para mercados emergentes como o Brasil.
Internamente, o clima é de apreensão política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao New York Times, criticou Trump por adotar medidas que, segundo ele, ferem a soberania brasileira. Lula garantiu que o governo brasileiro trata o assunto com “máxima seriedade”, mas sem “subserviência”. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda o retorno do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para tentar uma reaproximação diplomática de última hora.
No cenário macroeconômico, indicadores nacionais trouxeram sinais mistos. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 0,77% em julho, após queda de 1,67% em junho, acumulando alta de 2,96% em 12 meses. Já os índices de confiança do comércio e de serviços recuaram novamente, atingindo os menores patamares desde 2021, evidenciando a fragilidade da recuperação econômica em alguns setores.
Com tantos fatores simultâneos, a volatilidade no câmbio deve permanecer elevada nos próximos dias. Investidores monitoram cada sinal de Washington, Brasília e dos bancos centrais para ajustar estratégias. Para quem depende de dólar para viagens, importações ou investimentos, o momento exige cautela e planejamento — especialmente se as tensões comerciais se mantiverem nos próximos meses.
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