O dólar à vista voltou a registrar alta em relação ao real nesta terça-feira (22), refletindo o clima de cautela no mercado internacional e doméstico. O avanço ocorre em um contexto de incertezas sobre as negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros, entre eles Brasil e China, e a proximidade do início da cobrança de novas tarifas norte-americanas.
Moeda avança levemente após queda na véspera
Por volta das 9h07, o dólar à vista subia 0,13% e era vendido a R$ 5,573. No mercado futuro, o contrato com vencimento em agosto, o mais negociado na B3, operava praticamente estável, em leve alta de 0,02%, a R$ 5,585. Na segunda-feira (21), a moeda americana havia encerrado o pregão com queda de 0,40%, cotada a R$ 5,5651, mas o cenário global de negociações comerciais trouxe de volta o movimento de busca por proteção.
Negociações entre EUA e China seguem em foco
No cenário externo, as atenções se voltam para o avanço das tratativas entre Washington e Pequim. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, informou que se reunirá com representantes chineses na próxima semana, em Estocolmo, para discutir uma possível prorrogação do prazo de 12 de agosto, quando entram em vigor tarifas mais altas sobre produtos chineses.
A sinalização de que um acordo pode postergar as tarifas traz certo alívio aos mercados, mas a indefinição mantém a volatilidade, uma vez que a relação comercial entre as duas maiores economias do mundo é determinante para o fluxo global de capitais.
Tensões também pesam na relação entre EUA e Brasil
No Brasil, o noticiário político segue pressionando o câmbio. Os investidores monitoram a contagem regressiva para 1º de agosto, quando começam a valer as novas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA. A medida, anunciada pelo governo de Donald Trump, elevou o nível de tensão comercial entre os dois países.
Além disso, o ambiente doméstico é impactado pelo imbróglio envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que terá 24 horas para se manifestar ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes determinou a resposta após entender que houve descumprimento de medidas cautelares impostas na semana passada. O caso reforça a cautela de investidores diante do cenário político conturbado.
Atuação do Banco Central busca conter pressão
Para conter oscilações mais bruscas, o Banco Central anunciou um leilão de linha de US$ 600 milhões nesta manhã, com compromisso de recompra. O objetivo é suavizar movimentos de alta do dólar, principalmente em um momento de maior demanda por proteção cambial e liquidez.
Turismo e comercial: diferença chama atenção
Enquanto o dólar comercial mostra variações contidas, o dólar turismo segue mais caro. Nas primeiras horas do dia, a cotação de compra estava em R$ 5,628, com venda a R$ 5,808, reflexo dos custos adicionais de operação, impostos e menor liquidez.
Expectativa segue elevada
O cenário para o câmbio brasileiro continua atrelado à evolução das negociações comerciais externas e aos desdobramentos políticos em Brasília. Para analistas, a volatilidade deve persistir nos próximos dias, à medida que se aproximam datas importantes para decisões de tarifas e possíveis reações de retaliação.
Enquanto isso, o real segue pressionado pela combinação de incertezas externas e fatores internos, exigindo atenção redobrada de quem precisa acompanhar o mercado de câmbio ou planeja viajar para o exterior.
Comentários
Postar um comentário