Dólar surpreende e atinge menor valor em mais de um ano — entenda o que provocou a queda



Moeda americana fecha em R$ 5,42 e pressiona decisões do Banco Central

O dólar comercial encerrou esta terça-feira (2) em queda de 0,74%, cotado a R$ 5,421. Esse é o menor valor de fechamento desde 19 de agosto de 2024, quando a moeda americana registrou R$ 5,412. A queda acentuada reacende discussões sobre o ambiente macroeconômico brasileiro e a atuação do Banco Central diante do cenário de juros e inflação.

A moeda americana vinha de uma leve alta no início da semana, mas retomou a tendência de queda com fatores internos e externos influenciando a cotação. Investidores reagiram positivamente à redução nas tensões políticas entre Executivo, Legislativo e Judiciário, além de novos dados da produção industrial, divulgados pelo IBGE, que mostraram crescimento de 3,3% na comparação anual de maio.

IOF no STF e ruídos políticos movimentam mercado

A queda do dólar foi influenciada também pelos ruídos políticos gerados pela judicialização do decreto do IOF. O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizaram o conflito, classificando a questão como jurídica e afirmando que não há impacto direto na economia. Ainda assim, a movimentação foi suficiente para gerar atenção nos mercados.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, defendeu a retomada da reforma administrativa como contrapartida para reequilibrar as contas públicas. Analistas de mercado consideram esse movimento essencial para manter o apetite dos investidores estrangeiros em alta.

Selic e inflação seguem no radar do mercado

O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que ainda há espaço para a taxa Selic cair com o recuo da inflação. Apesar disso, o Banco Central sinalizou que o ciclo de cortes pode estar perto do fim, ao indicar que o módulo restritivo da política monetária precisa ser mantido por mais tempo. O mercado acompanha atentamente esses sinais para antecipar movimentos nos juros.

Com a inflação controlada e a retomada do crescimento industrial, parte dos analistas acredita que o real possa seguir se valorizando, o que pressionaria ainda mais a autoridade monetária a agir com cautela.

Dados dos EUA preocupam e impactam o câmbio

No cenário internacional, o enfraquecimento do mercado de trabalho americano também ajudou na queda do dólar. Segundo dados divulgados pela ADP, o setor privado dos EUA cortou 33 mil vagas em junho, contrariando as expectativas. Isso aumentou a especulação sobre uma possível pausa nos aumentos de juros pelo Federal Reserve.

Além disso, o anúncio de um novo acordo comercial entre os EUA e o Vietnã por parte do presidente Donald Trump trouxe volatilidade aos mercados, ao mesmo tempo em que reforçou a percepção de que a guerra tarifária pode continuar moldando a economia global.

Expectativa para os próximos dias

O mercado agora aguarda os dados do payroll dos EUA, que serão divulgados nesta quinta-feira (4), devido ao feriado da Independência na sexta. Esses números são fundamentais para o Federal Reserve avaliar a saúde do emprego americano e ajustar sua política de juros. Enquanto isso, o real segue beneficiado pelo fluxo estrangeiro e pelo alívio nas tensões internas.

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