Empréstimo FGTS: solução rápida para o bolso, mas com riscos — entenda antes de contratar



Com o aperto no orçamento de muitas famílias, o empréstimo com garantia do FGTS, conhecido como antecipação do saque-aniversário, voltou a ganhar popularidade. A modalidade, que permite receber uma parte do saldo do Fundo de Garantia antes da data oficial, é menos burocrática e costuma ter juros mais baixos que linhas tradicionais de crédito pessoal. Mas será que vale a pena?

Como funciona o empréstimo com saque-aniversário

Na prática, o trabalhador antecipa até 10 parcelas anuais do saque-aniversário do FGTS. O banco libera o valor de uma vez e o pagamento é feito automaticamente: quando chega a data do saque, o dinheiro vai direto para quitar a dívida. Se o cliente quiser, pode liquidar o empréstimo antes, com recursos próprios.

A principal vantagem é a rapidez. O banco praticamente não faz análise de crédito, já que tem como garantia o próprio saldo do FGTS. Além disso, o risco é menor para a instituição financeira, o que ajuda a reduzir a taxa de juros — em muitos casos, bem abaixo da cobrada nos empréstimos convencionais.

Quem pode pedir o empréstimo FGTS?

Para ter acesso, o trabalhador precisa ter mais de 18 anos, estar com o CPF regular e possuir saldo no FGTS — inclusive contas inativas valem. Quem está desempregado também pode contratar, desde que tenha recursos suficientes no fundo para garantir o pagamento.

É preciso, ainda, optar formalmente pelo saque-aniversário, o que pode ser feito no site ou aplicativo do FGTS. Durante a contratação, o trabalhador autoriza o banco a consultar e usar o saldo para liquidar o contrato quando chegar o vencimento.

Vantagens para o trabalhador

A principal vantagem é a agilidade. Sem consulta a birôs de crédito, o dinheiro é liberado em questão de horas ou poucos dias. Além disso, o pagamento não pesa no orçamento mensal: em vez de parcelas, a quitação acontece de forma única.

Outro ponto positivo é o custo menor. O risco baixo faz com que bancos ofereçam taxas de juros mais competitivas, o que pode fazer a diferença em tempos de Selic alta.

Mas há riscos importantes

Apesar de atrativo, o empréstimo FGTS exige atenção. Isso porque, para contratar, é obrigatório aderir ao saque-aniversário — e abrir mão do saque integral em caso de demissão sem justa causa.

Ou seja, se o trabalhador for demitido, só recebe a multa rescisória de 40% sobre o saldo, mas não consegue sacar o valor total da conta de imediato. O restante continua bloqueado e é liberado apenas nos aniversários seguintes. Para voltar ao formato saque-rescisão, é preciso esperar dois anos. Se tiver um empréstimo em aberto, precisa quitá-lo antes.

Outro ponto de atenção é que o FGTS, apesar de ter rentabilidade baixa, é um patrimônio protegido. Antecipar saques para tomar empréstimos pode ser um mau negócio dependendo dos juros cobrados.

Vale a pena?

Para Daniela Poli Vlavianos, advogada especialista em direito do trabalho, quem pensa em contratar deve analisar se tem emprego estável e não precisará do saldo integral em caso de demissão. Além disso, é fundamental comparar a taxa do empréstimo FGTS com outras opções de crédito.

Em resumo, o saque-aniversário antecipado pode ajudar em emergências ou planos pontuais, mas exige planejamento para não virar dor de cabeça.


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