Governo Federal Apresenta Relatório com Receita de R$ 15 Bi em Leilão de Petróleo Questionada por Economistas



O último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias divulgado pelo governo federal tem recebido críticas de economistas, que apontam uma “visão menos realista” em relação a versões anteriores. A análise foi feita por Tiago Sbardelotto, economista da XP, durante participação no programa Morning Call da XP, nesta quarta-feira (23).

Segundo Sbardelotto, ao contrário do relatório anterior, que excluía receitas incertas e com baixa probabilidade de ocorrer, o novo documento inclui uma receita cuja realização ainda é duvidosa: o leilão de áreas contratadas de petróleo, estimado em cerca de R$ 15 bilhões.

O economista destacou que essa receita depende de uma série de etapas formais que ainda precisam ser cumpridas ao longo de 2025, incluindo a publicação de edital, definição de cronograma e aprovação de órgãos fiscalizadores, o que torna improvável a concretização desse valor dentro do ano.

“O governo colocou R$ 15 bilhões para essa rubrica, mas dificilmente esse valor será alcançado neste ano”, avaliou Sbardelotto. “Mesmo que o leilão ocorra, o montante arrecadado dificilmente atingirá essa cifra”, completou.

Receita otimista e impacto nas despesas

A inclusão dessa receita otimista tem impacto direto nas projeções orçamentárias do governo. De acordo com o economista, o Executivo permitiu o desconto de R$ 20,7 bilhões em gastos que estavam contingenciados no relatório anterior, publicado em maio.

“Basicamente, o governo reverteu o contingenciamento de R$ 20,7 bilhões, abrindo espaço para novas despesas nos próximos meses”, afirmou Sbardelotto. Essa movimentação reforça a avaliação de que o governo está adotando premissas mais otimistas do lado da receita.

Despesas previdenciárias e assistenciais subestimadas

No campo das despesas, o economista da XP criticou a revisão feita pelo governo, especialmente em relação aos benefícios previdenciários e assistenciais, que tendem a crescer acima da inflação. O Benefício de Prestação Continuada (BPC), por exemplo, tem apresentado aumento anual de dois dígitos, mas o governo estimou um crescimento menor no relatório.

“O crescimento das despesas com a Previdência, especialmente o BPC, está muito acima do que o governo considera”, explicou. “Essa revisão aquém do necessário permite que o governo mantenha o bloqueio de gastos já aplicado, sem necessidade de novas contenções.”

Meta fiscal e incertezas

Apesar das críticas, Sbardelotto acredita que o governo deve conseguir cumprir a meta de resultado primário para 2025. Isso porque, segundo ele, a arrecadação tem se mantido robusta e parte das despesas previstas dificilmente será executada.

“No geral, o governo está mirando o limite inferior da meta fiscal, não o centro”, concluiu o economista. Ele ressaltou que o relatório inclui muitas incertezas, o que exige cautela na interpretação dos números divulgados.

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