Ibovespa despenca a menor nível em 3 meses com tarifa de 50% dos EUA ameaçando exportadoras brasileiras
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda pela terceira sessão consecutiva nesta segunda-feira (28), registrando seu menor patamar de fechamento em mais de três meses, aos 132.129,26 pontos. A pressão negativa no mercado ocorre em meio à incerteza sobre a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, prevista para a próxima sexta-feira (1º).
Com volume financeiro reduzido, de R$ 17,64 bilhões — abaixo da média diária de julho e do ano — os investidores mantêm cautela diante da ausência de sinais concretos de avanços nas negociações entre Brasil e EUA. Diferentemente de acordos que os americanos têm fechado com outras nações, não há perspectivas de conversas para reverter a decisão em Washington, o que tem gerado apreensão no mercado doméstico.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a pedir diretamente ao presidente Donald Trump uma reflexão sobre a importância do Brasil e a revisão das tarifas, mas até o momento não houve resposta efetiva do governo americano. Para analistas do BB Investimentos, o Ibovespa deve apresentar uma definição mais clara após um desfecho sobre a questão tarifária. Enquanto isso, o cenário permanece volátil, especialmente para ações de empresas com forte exposição às exportações para os EUA, como WEG e Embraer.
No mês, o Ibovespa acumula uma queda de 4,84%, distanciando-se dos recordes históricos observados no início de julho, quando o índice chegou a ultrapassar 141 mil pontos.
Enquanto isso, o mercado americano mostra otimismo após o anúncio de um acordo comercial entre os EUA e a União Europeia, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando máximas históricas. A semana promete ser decisiva, com divulgação de balanços corporativos importantes, além da expectativa pela próxima decisão do Federal Reserve sobre a política monetária.
No Brasil, a temporada de resultados do segundo trimestre deve influenciar as expectativas do mercado. Empresas como Bradesco, Santander, CSN, Vale e Ambev estão entre as que divulgam seus números esta semana, o que pode alterar o rumo das ações listadas no Ibovespa.
Destaques negativos nesta segunda-feira ficaram por conta da Vale, que fechou em queda de 0,97%, pressionada pela baixa nos preços do minério de ferro na China, principal consumidor global do produto. A CSN também sofreu com forte desvalorização, caindo 4%.
Por outro lado, Petrobras apresentou leve valorização, impulsionada pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional. A estatal anunciou ainda uma redução média de 14% no preço do gás natural para distribuidoras a partir de agosto, medida que pode impactar positivamente os resultados futuros.
O setor financeiro também registrou desempenho negativo: Itaú recuou 2,1% após dados do Banco Central mostrarem queda nas concessões de crédito em junho e inadimplência crescente, o maior nível desde 2018. Bradesco, Banco do Brasil e Santander também fecharam em baixa.
Entre as ações que mais sofreram, a Magazine Luiza caiu 4,27%, após o Citi reduzir o preço-alvo e reiterar recomendação de venda, citando desafios na demanda e forte concorrência online. Ambev perdeu 3,04%, influenciada por resultados fracos da Heineken no Brasil.
Já São Martinho e Grupo Ultra foram destaques positivos, com valorização de 3,56% e 2,18%, respectivamente, impulsionados por expectativas favoráveis para o setor sucroalcooleiro e para programas governamentais de energia.
Em meio a esse cenário, a WEG teve um leve alívio, fechando em alta de 2,03%, mesmo com a pressão causada pelas tarifas americanas e resultados abaixo do esperado no segundo trimestre.
Com um mercado ainda sensível às tensões comerciais, o Ibovespa aguarda um desfecho para a questão das tarifas e observa de perto os resultados corporativos para direcionar seus próximos movimentos.
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