Missão secreta em Washington: Senadores brasileiros correm contra o relógio para evitar tarifaço dos EUA

 


Senadores brasileiros deram início, na noite de sábado (27), a uma primeira reunião de trabalho em Washington, nos Estados Unidos, como parte da missão oficial que tem como objetivo tratar das tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, vigentes a partir do dia 1º de agosto. O grupo inicial contou com a participação dos senadores Tereza Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), além do astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco principal atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários que envolvem a questão tarifária, além de alinhar os pontos a serem discutidos nas próximas reuniões com congressistas dos Estados Unidos e representantes do setor produtivo americano. De acordo com o senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, essa preparação é fundamental para assegurar uma atuação coesa, institucional e estratégica em defesa dos interesses do Brasil.

“O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou Trad em nota oficial.

O grupo parlamentar ainda será reforçado com a chegada, prevista para este domingo (28), dos senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE). A missão oficial do Senado brasileiro terá início na segunda-feira (28) e se estenderá até quarta-feira (30), com uma agenda focada em reuniões para negociar e debater os efeitos das tarifas impostas.

Vale destacar que a missão ocorre em um momento atípico, pois o Congresso dos Estados Unidos está em recesso: a Câmara dos Deputados já iniciou o recesso na semana passada, e o Senado americano tem sessões programadas até o dia 31 de julho. Com a agenda legislativa mais tranquila, a missão brasileira deve concentrar esforços em encontros com o setor corporativo e empresarial americano.

Nos últimos dias, as negociações entre Brasil e Estados Unidos ganharam ritmo, porém, ainda não houve avanços concretos. Existe uma apreensão significativa sobre a possibilidade de novas sanções americanas contra o Brasil, o que pode complicar ainda mais o cenário comercial.

Além disso, circulam relatos na imprensa de que o presidente Donald Trump deve assinar nos próximos dias uma ordem executiva que oficializa a imposição das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Isso seria uma alternativa para acelerar a cobrança, já que a investigação conduzida pelo Escritório de Representação de Comércio dos Estados Unidos (USTR) para apurar práticas comerciais consideradas injustas no Brasil pode levar mais tempo para ser concluída.

Em meio a essa situação, senadores americanos enviaram uma carta a Trump criticando a medida. No documento, os parlamentares americanos classificam a taxação ao Brasil como um “claro abuso de poder” e afirmam que a interferência no sistema jurídico de uma nação soberana cria um “precedente perigoso” que pode desencadear uma “guerra comercial desnecessária”.

A missão brasileira em Washington, portanto, tem papel crucial não apenas para tentar reverter ou minimizar os impactos da tarifa, mas também para preservar as relações comerciais bilaterais, que são importantes para a economia de ambos os países.

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