Indefinição nas tarifas recíprocas deixa investidores em alerta
Os índices futuros de Nova York abriram em queda nesta segunda-feira (7), reagindo à confirmação do governo dos Estados Unidos de que as tarifas recíprocas entrarão em vigor em 1º de agosto, e não em 9 de julho, como inicialmente esperado. A mudança no calendário gerou instabilidade nos mercados, com investidores temendo os efeitos da medida sobre o comércio global e a recuperação econômica.
Logo na abertura, os futuros do Dow Jones caíam 0,26%, o S&P 500 futuro recuava 0,32% e o Nasdaq futuro perdia 0,29%. A correção acontece após os fortes ganhos registrados na última quinta-feira (3), quando os principais índices subiram após dados surpreendentemente positivos do payroll — relatório de empregos dos EUA. As bolsas americanas permaneceram fechadas na sexta-feira (4), devido ao feriado da Independência.
Tarifas recíprocas voltam ao centro do conflito comercial
A tensão no mercado aumentou após declarações do presidente Donald Trump e de seu secretário de Comércio, Howard Lutnick, que confirmaram que as tarifas começarão a valer a partir de 1º de agosto. “As tarifas entram em vigor em 1º de agosto. Mas o presidente está definindo as taxas e os acordos agora mesmo”, afirmou Lutnick em entrevista à CNBC, com Trump endossando a fala ao lado.
A medida representa a retomada do pacote tarifário que havia sido pausado por 90 dias, em abril, para negociação com os principais parceiros comerciais dos EUA. O prazo anterior se encerraria nesta terça-feira (9), aumentando as expectativas de um entendimento — o que não ocorreu. Além disso, a União Europeia ainda enfrenta a ameaça de sofrer tarifas de até 50% sobre determinados produtos, caso não haja acordo até esta quarta-feira.
Investidores temem escalada no protecionismo
A antecipação da tensão tarifária levantou dúvidas sobre o compromisso dos EUA com acordos comerciais multilaterais. Analistas avaliam que a decisão pode agravar a desaceleração da atividade global, especialmente em setores dependentes de exportações. As empresas de tecnologia, automóveis e manufatura são as mais vulneráveis a novos aumentos de tarifas.
O movimento também ocorre em paralelo à decisão da Opep+, anunciada no fim de semana, de aumentar sua produção de petróleo em 548 mil barris por dia a partir de agosto. A combinação entre mais oferta de petróleo e a instabilidade comercial reforça a cautela dos investidores.
Próximos dias serão decisivos
Com a volatilidade em alta e os prazos se aproximando, o mercado espera por declarações mais claras da Casa Branca e da União Europeia ao longo da semana. O temor é que a retórica protecionista de Trump, somada à falta de previsibilidade, possa reduzir a confiança de empresas e consumidores.
A semana ainda será marcada pela divulgação de novos dados econômicos, incluindo números sobre inflação ao consumidor (CPI), que podem influenciar as decisões futuras do Federal Reserve sobre juros.
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