Apesar do mercado de seguros projetar um crescimento robusto de 10% em 2025, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o seguro de vida ainda é um tema distante para a maioria da população. Uma pesquisa Datafolha de 2024 mostra que 80% dos brasileiros adultos não possuem nenhuma apólice. O cenário, no entanto, começa a mudar, impulsionado principalmente pela maior conscientização trazida pela pandemia.
Especialistas apontam que, durante a crise sanitária, muitas seguradoras indenizaram famílias por mortes causadas pela covid-19, mesmo sem obrigação contratual. Esse gesto fortaleceu a imagem do seguro de vida como uma ferramenta de proteção financeira, sucessão patrimonial e organização familiar. Desde então, mais pessoas passaram a enxergar a contratação não como gasto, mas como parte de um planejamento financeiro inteligente.
Para Larissa Althoff, diretora de Parcerias Financeiras da MAG Seguros, o trabalho de conscientização vem ganhando força com o envolvimento direto dos assessores de investimentos, que agora incluem o seguro na abordagem com clientes. “Mostrar como o seguro é essencial no longo prazo virou quase uma missão. Grande parte das apólices ainda é contratada por empresas, mas há muito espaço para crescer”, afirmou Larissa em painel na Expert XP, maior evento de investimentos do mundo.
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Segundo Carlos Eduardo Biagioni, head de Soluções Patrimoniais da Monte Bravo, o seguro de vida deveria ser visto como o maior investimento não financeiro de uma pessoa. “Ele não funciona como um ativo tradicional, mas é essencial no planejamento patrimonial e familiar”, destacou. Ele ressalta que o mercado evoluiu, oferecendo produtos personalizáveis, adaptados a cada fase da vida — solteiro, casado, com ou sem filhos.
Para Leonardo Scherr, sócio-fundador da CS4 XP, atender as demandas de proteção virou um diferencial para quem trabalha com investimentos. “Hoje, o cliente quer mais que retorno financeiro. Quer um planejamento completo. O assessor que foca só na rentabilidade perde uma grande oportunidade de agregar valor”, afirma.
Um dos principais atrativos do seguro é sua função na sucessão patrimonial. A apólice garante liquidez imediata aos herdeiros, evitando a venda forçada de bens para pagar impostos ou custear processos burocráticos. Larissa lembra que apenas 15% das empresas familiares chegam à terceira geração, o que mostra a importância de planejar a continuidade dos negócios e proteger o patrimônio.
A tecnologia também tem ajudado a popularizar o seguro. Contratações que antes exigiam propostas em papel hoje são feitas de forma digital e instantânea. Para Leonardo, ferramentas de inteligência artificial devem tornar o processo ainda mais simples, inclusive na etapa da Declaração Pessoal de Saúde (DPS).
Apesar dos avanços, o recado dos especialistas é claro: o seguro pode não ser para todos, mas todos devem conhecê-lo. Para Leonardo, cabe ao assessor apresentar o tema, deixando a decisão final com o cliente. “Não seja você a barreira. Leve a conversa para a mesa. O seguro é parte do cuidado com tudo que já foi conquistado.”
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