Por que as bolsas europeias caíram mesmo com sinais positivos no setor financeiro e dados econômicos estáveis?

 


As principais bolsas da Europa encerraram a sessão desta quinta-feira (31) majoritariamente em baixa, em meio a uma combinação de resultados corporativos variados e a atenção contínua às negociações comerciais dos Estados Unidos e à recente decisão do Federal Reserve (Fed) de manter as taxas de juros. Além disso, indicadores econômicos da zona do euro foram divulgados, sinalizando estabilidade em alguns setores, mas sem afastar as preocupações dos investidores.

O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,75%, fechando aos 546,11 pontos, com destaque para perdas significativas em Milão e Paris. Na capital italiana, o índice FTSE MIB caiu 1,56%, influenciado fortemente pela queda de 12% nas ações da Ferrari. Este foi o maior tombo diário das ações da fabricante de carros esportivos de luxo desde sua listagem há nove anos, mesmo com a empresa mantendo sua projeção de resultados. A Ferrari anunciou, no entanto, uma redução nos preços praticados nos Estados Unidos, o que gerou preocupação no mercado. Outro impacto negativo veio do Iveco Group, cujas ações recuaram 3,79% após a notícia da venda de sua divisão de veículos comerciais para a Tata Motors por 3,8 bilhões de euros.

Em Madri, o Ibex35 foi um dos poucos índices a fechar em alta, subindo 0,11%, impulsionado por uma forte valorização das ações do BBVA, que avançaram 7,96%. O banco espanhol superou as expectativas de lucro no último balanço e surpreendeu o mercado com uma ofensiva contra o Banco Sabadell, seu concorrente local. Em Lisboa, o PSI 20 teve alta de 0,65%, refletindo um sentimento mais positivo na região.

Na Bolsa de Londres, a Rolls-Royce registrou um aumento de 7,79% após elevar sua previsão de resultados para o ano, impulsionada por um desempenho robusto no primeiro semestre. Contudo, nem todas as notícias foram favoráveis na capital britânica: a mineradora Anglo American caiu 2,95%, enquanto a petrolífera Shell teve valorização de 1,51%. Em Bruxelas, a AB InBev sofreu uma forte queda de 11,56% após reportar números de vendas abaixo do esperado. Já em Paris, o Société Générale registrou alta de 6,88%, graças a um lucro 31% maior em comparação ao mesmo período do ano anterior.

No campo macroeconômico, a zona do euro apresentou estabilidade em importantes indicadores. A taxa de desemprego manteve-se na mínima histórica de 6,2% em junho, ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas. Na Alemanha, a inflação anual ao consumidor (CPI) ficou estável em 2% em julho, contrariando a previsão de alta mais moderada de 1,9%. Esses dados indicam um cenário de inflação controlada e mercado de trabalho sólido, fatores que contribuem para um ambiente econômico estável, embora ainda desafiador.

Apesar dessas informações positivas, a combinação de resultados corporativos mistos, incertezas sobre as negociações comerciais globais e o impacto da política monetária americana manteve o sentimento cauteloso entre investidores europeus, pressionando os índices para baixo na maior parte da sessão.

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