Por que os investidores brasileiros estão trocando influenciadores pela inteligência artificial — e o que isso significa para suas decisões financeiras

 


A crescente influência da inteligência artificial (IA) na tomada de decisões financeiras reflete uma mudança de comportamento dos investidores brasileiros, que buscam cada vez mais segurança e validação em suas escolhas. Segundo Renato Dolci, diretor da Timelens, a IA se tornou uma ferramenta complementar à orientação tradicional de assessores e influenciadores, oferecendo uma espécie de “segunda opinião” que pode confirmar ou questionar recomendações. No entanto, Dolci alerta para o risco da confiança excessiva: “A IA foi treinada para agradar o usuário, ela não é isenta e não conhece seu perfil financeiro. É importante usar a ferramenta como apoio, e não como substituta do aconselhamento especializado”.

Esse fenômeno tem impacto direto na forma como o público jovem, especialmente os nativos digitais, consome informação financeira. Enquanto nas primeiras etapas da jornada o investidor busca conteúdos em redes sociais e canais digitais, o avanço para o uso de IA indica maior maturidade e busca por autonomia. Para Dolci, esse movimento exige uma nova postura de influenciadores e assessores, que devem entender que a tecnologia é uma aliada — não uma ameaça. “Os profissionais precisam estar preparados para dialogar com o investidor que chega munido de informações vindas da IA, construindo uma relação de confiança e colaboração.”

Além disso, o especialista destaca que o brasileiro é um dos públicos mais ávidos por informações sobre finanças pessoais no mundo, o que torna o país um terreno fértil para inovações em tecnologia financeira. No entanto, ele lembra que a complexidade e a rapidez das mudanças no setor também geram desafios. “É preciso investir em educação financeira para que o usuário saiba interpretar os dados que recebe, seja via influenciadores, assessores ou IA. A informação sozinha não basta, precisa ser bem compreendida para gerar bons resultados.”

Outra novidade anunciada durante o painel da Pop-Up InfoMoney na Expert XP 2025 foi a ampliação da premiação Elite InfoMoney, que reconhece os principais criadores de conteúdo em finanças no Brasil. A iniciativa, desenvolvida pela Timelens, avalia critérios rigorosos para garantir que os influenciadores premiados tenham relevância real e impacto positivo na formação do público. Entre os aspectos avaliados estão a qualidade do conteúdo, o engajamento genuíno dos seguidores e a consistência na abordagem do tema financeiro.

Segundo Dolci, o ranking busca valorizar quem realmente contribui para a educação financeira do país, promovendo uma cultura de transparência e responsabilidade. “Queremos incentivar a criação de conteúdo sério, que ajude o investidor a tomar decisões conscientes, e não apenas gerar likes e seguidores.”

Com a popularização da IA, do podcast à consultoria digital, e a profissionalização crescente dos influenciadores, o ecossistema financeiro brasileiro caminha para um cenário mais plural e dinâmico. Porém, o especialista reforça a importância do equilíbrio: “O melhor caminho é a combinação entre tecnologia, informação de qualidade e acompanhamento humano. Nenhuma dessas peças pode faltar.”

Em resumo, a inteligência artificial já é um componente essencial no processo de decisão dos investidores brasileiros, mas não deve ser vista como uma solução mágica. A jornada do investidor bem-sucedido passa pelo conhecimento, pela crítica e pela adaptação constante — e a IA é apenas uma das ferramentas que pode ajudar nesse percurso.

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