Os preços do petróleo bruto encerraram a sessão desta sexta-feira em queda, atingindo os níveis mais baixos em cerca de três semanas. A movimentação no mercado reflete a combinação de dados econômicos pouco animadores vindos de duas das maiores economias globais, Estados Unidos e China, além de sinais de que a oferta da commodity pode voltar a crescer em ritmo mais acelerado.
O Brent, referência global do petróleo, recuou 1,1%, fechando cotado a US$ 68,44 por barril, o menor valor desde o dia 4 de julho. Já o West Texas Intermediate (WTI), principal indicador do mercado norte-americano, caiu 1,3%, encerrando o dia em US$ 65,16 por barril, o menor nível desde 30 de junho. Na semana, o Brent acumulou queda de aproximadamente 1%, enquanto o WTI registrou recuo de cerca de 3%.
Medo de desaquecimento global pesa no mercado
A pressão negativa sobre os preços tem origem principalmente em preocupações com o desempenho das economias americana e chinesa, que podem afetar diretamente a demanda global por energia. Dados mais fracos de atividade industrial na China e indicadores que apontam para um crescimento mais lento nos EUA reforçaram o sentimento de cautela entre investidores e operadores de commodities.
Por outro lado, o otimismo sobre eventuais acordos comerciais envolvendo os EUA ajudou a limitar parte das perdas. As expectativas de avanços diplomáticos entre Washington e Bruxelas reacenderam as esperanças de um estímulo indireto ao comércio global, o que poderia trazer impacto positivo para o consumo de petróleo no médio prazo.
Reunião entre EUA e União Europeia pode destravar acordos
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem encontro marcado com o presidente Donald Trump no próximo domingo, na Escócia. Autoridades do bloco europeu e diplomatas próximos às negociações sinalizaram que há expectativa de avançar em tratativas comerciais durante o fim de semana. Caso um entendimento seja firmado, analistas acreditam que o acordo pode reduzir tensões tarifárias e melhorar o ambiente de negócios entre as partes.
Zona do euro mostra resiliência, mas BCE adota tom cauteloso
Enquanto isso, na Europa, a economia da zona do euro se mantém resiliente apesar do ambiente de incertezas, conforme apontaram novos indicadores divulgados nesta sexta-feira. O resultado contribui para conter parte do pessimismo em torno da demanda energética no continente.
Mesmo assim, membros do Banco Central Europeu (BCE) indicaram que devem manter uma postura mais cuidadosa em relação a novos cortes de juros, numa tentativa de evitar estímulos adicionais que possam pressionar ainda mais a inflação. O posicionamento sinaliza que o BCE enxerga limitações no uso da política monetária para impulsionar o crescimento, transferindo parte da responsabilidade para medidas fiscais e estímulos diretos ao setor produtivo.
Perspectiva para o petróleo segue incerta
Diante desse cenário misto — com sinais de fraqueza na demanda, mas possibilidade de reações positivas caso acordos comerciais avancem —, os mercados de petróleo devem continuar acompanhando de perto os desdobramentos geopolíticos e as novas projeções econômicas das principais potências globais.
Além disso, investidores seguem atentos ao ritmo de produção dos países da Opep+ e de outros grandes produtores, como os EUA, que podem ajustar suas políticas de oferta para tentar equilibrar o mercado nos próximos meses.
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