Surpresa na Zona do Euro: PIB Cresce Mais que o Esperado — Juros Devem Cair Menos?

 


A economia da zona do euro surpreendeu analistas e investidores com um crescimento ligeiramente acima do previsto no segundo trimestre de 2025. O Produto Interno Bruto (PIB) do bloco avançou 0,1% entre abril e junho em comparação com o trimestre anterior, contrariando projeções que apontavam para estagnação. Na comparação anual, a expansão chegou a 1,4%, também superando as estimativas de 1,2%, segundo os dados divulgados pelo Eurostat nesta quarta-feira (30).

O resultado positivo indica que as 20 nações que compartilham o euro podem estar se adaptando melhor do que o esperado a um cenário de incertezas comerciais globais e desaceleração econômica. Essa resiliência pode reduzir a pressão para novos cortes na taxa de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), que vem sendo pressionado a afrouxar ainda mais a política monetária para estimular o bloco.

📊 Destaques: Espanha puxa fila, Alemanha e Itália decepcionam
Entre os destaques, Espanha mostrou força com um crescimento de 0,7% no trimestre, seguida pela França, que avançou 0,3% — ambos acima da média do bloco. Já Alemanha e Itália, as duas maiores economias continentais depois da França, recuaram 0,1%, confirmando que parte da zona do euro ainda enfrenta dificuldades para ganhar tração.

📉 1º trimestre distorcido e sinais de retomada
Apesar de a taxa de crescimento ser bem mais baixa que os 0,6% registrados no primeiro trimestre, economistas apontam que o dado anterior foi inflado pela antecipação de importações de empresas norte-americanas, que correram para evitar as novas tarifas comerciais. Dessa forma, o crescimento de 0,1% agora indica uma economia que mantém certa resiliência, mas em ritmo moderado.

🔍 PMI reforça clima de otimismo cauteloso
Outro dado que alimenta expectativas mais positivas é o PMI (Índice de Gerentes de Compras), que recentemente mostrou aceleração da atividade empresarial, impulsionada por uma recuperação contínua do setor industrial e pelo desempenho sólido dos serviços — pilar importante da economia europeia.

📉 Acordos comerciais trazem alívio, mas tarifas ainda pesam
Além do resultado do PIB, o clima de negócios na Europa foi influenciado pelo recente acordo comercial fechado entre os EUA e a União Europeia, que ajudou a reduzir parte das incertezas no comércio internacional. Outros acordos com Japão e Reino Unido reforçam o cenário, mas o pacote não veio sem custos: tarifas mais altas foram mantidas em alguns setores, o que pode reduzir o crescimento da zona do euro em 0,2 a 0,4 ponto percentual ao ano, segundo estimativas de economistas.

📌 O que o BCE deve fazer agora?
O crescimento acima do esperado traz uma questão para o Banco Central Europeu: será que há necessidade de seguir cortando juros para sustentar a atividade? A leitura é que o desempenho melhor pode dar mais espaço para o BCE manter a política monetária cautelosa, esperando sinais mais claros de que a inflação está controlada antes de fazer novas reduções de juros.

📆 Próximos passos: resiliência ou desaceleração?
Embora os dados do segundo trimestre sugiram adaptação e capacidade de reação, muitos analistas ainda enxergam riscos no horizonte. O setor industrial, em especial na Alemanha, segue pressionado por custos elevados de energia e por gargalos logísticos globais. Além disso, o impacto integral dos novos acordos comerciais ainda não foi totalmente absorvido pelas cadeias produtivas europeias.

💬 Perspectiva de médio prazo
No médio prazo, o desempenho do bloco dependerá de como os países-membros vão lidar com o impacto residual das tarifas e da competitividade internacional. A Espanha e a França continuam sendo os motores de equilíbrio, enquanto Alemanha e Itália precisarão reagir para evitar que a fragilidade contamine o resto da zona do euro.

Comentários