Tarifa de Trump vai derrubar o PIB do Brasil? Veja o que dizem os economistas

 


Após a assinatura do decreto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializando uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados, o mercado financeiro rapidamente se mobilizou para calcular o real impacto da medida na economia nacional. Apesar do susto inicial, as estimativas das principais gestoras de investimentos indicam que o impacto será limitado e não deve frear significativamente o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2025.

O principal motivo para o impacto reduzido está na lista de exceções publicada junto ao decreto. Ficaram de fora da tarifa 565 produtos, abrangendo itens de aviação civil, setores estratégicos como energia, fertilizantes, madeira, metais preciosos, estanho e alguns tipos de alumina. No agronegócio, que responde por uma grande parte das vendas externas do Brasil, o suco de laranja, por exemplo, principal item exportado para os EUA, foi preservado.

No entanto, produtos como café, cacau, carne bovina, frutas frescas, calçados, etanol, açúcar e vestuário não escaparam das novas taxas, o que acendeu o alerta entre produtores e exportadores. Ainda assim, segundo a corretora Monte Bravo, o efeito líquido no PIB deverá ficar entre 0,10 e 0,20 ponto percentual.

A XP Investimentos também revisou suas projeções para baixo. De acordo com o economista-chefe da XP, Caio Megale, o decreto inicialmente poderia cortar até 0,30 p.p. do PIB, mas a lista de exclusão abrange cerca de 42% das exportações brasileiras aos EUA, limitando a perda a 0,15 p.p. — cerca de US$ 3,5 bilhões em exportações impactadas.

A Kinea Investimentos calcula efeito similar: 0,20 p.p. no PIB. Segundo Daniela Lima, economista da gestora, o peso relativo das exportações aos EUA é de apenas 2% do PIB. Além disso, produtos como óleo combustível ficaram totalmente isentos. Outro ponto relevante é a possibilidade de redirecionar commodities para outros mercados, principalmente café e carnes, que têm forte demanda global.

No Banco Daycoval, o corte estimado é de 0,13 p.p., sustentado pelo fato de setores como combustíveis e lubrificantes estarem totalmente fora do tarifaço, praticamente neutralizando qualquer impacto nessa fatia das exportações.

Já o Goldman Sachs traçou um cenário de impacto de 0,25 p.p., mas ressaltou que a ausência de retaliação brasileira e a busca por novos mercados podem mitigar esse efeito. O Bradesco, por sua vez, tem a projeção mais conservadora, calculando uma queda potencial de 0,30 p.p. Caso os produtos sobretaxados não encontrem outros destinos, o PIB pode sentir mais. No entanto, o banco lembra que commodities como café e carne possuem alta demanda global e podem ser redirecionadas, atenuando o baque inicial.

Em resumo, apesar do tom político do decreto de Trump e do simbolismo da tarifa de 50%, os analistas apontam que o impacto real no crescimento econômico brasileiro será limitado. A lista de exceções, a força de alguns setores estratégicos e o potencial de redirecionamento de exportações mantêm o país relativamente protegido de uma queda mais expressiva no PIB.

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