O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na última quarta-feira (30) uma ordem executiva que eleva de forma significativa a tarifa de importação para produtos brasileiros. A alíquota geral sobe de 10% para 50%, mas, para surpresa de muitos analistas, o decreto traz uma lista extensa de exceções que reduz o impacto direto sobre o comércio exterior do Brasil.
Segundo a LCA Consultores, os produtos isentos da nova tarifa representam 40% a 45% de todas as vendas do Brasil para o mercado norte-americano, o que significa que esses itens continuarão pagando a tarifa anterior de 10%.
Entre os principais produtos que escaparam do aumento estão alguns dos mais relevantes da balança comercial brasileira com os EUA: óleos brutos de petróleo, aviões e peças da Embraer, pasta química de madeira, ferro fundido e suco de laranja. Somados, esses itens correspondem a cerca de 25% de tudo o que o Brasil exporta para os Estados Unidos, conforme estimativa da LCA.
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Na outra ponta, permanecem na lista de produtos que terão tarifa majorada para 50% itens como semimanufaturados de ferro ou aço, café não torrado, carne bovina congelada, pás carregadoras e açúcares de cana, que juntos respondem por aproximadamente 15% das exportações brasileiras destinadas ao território norte-americano.
Com isso, a tarifa média efetiva para produtos do Brasil passa a ser de cerca de 28%, bem abaixo do temido patamar de 50% anunciado inicialmente. De acordo com a consultoria, a diferença é explicada pela manutenção de produtos estratégicos na alíquota mais baixa, o que ajuda a suavizar o impacto sobre setores fundamentais como energia, agronegócio e aviação civil.
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Na avaliação da Kinea, o efeito prático da medida no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá ser pequeno, em torno de 0,2 ponto percentual, já que as exceções contemplam itens de grande peso na pauta exportadora. A decisão de proteger produtos como petróleo cru e aviões também ajuda a preservar grandes grupos industriais, como a Embraer, além de minimizar reflexos sobre a balança de pagamentos.
A tabela a seguir, elaborada pela LCA, mostra como fica a nova estrutura tarifária a partir de 6 de agosto:
Produtos com tarifa de 10% | Participação nas exportações |
---|---|
Óleos brutos de petróleo | 14,4% |
Aviões | 5,9% |
Pasta química de madeira | 3,8% |
Ferro fundido | 3,5% |
Suco de laranja | 2,6% |
Já os produtos que passarão a ter tarifa de 50% representam as seguintes fatias:
Produtos com tarifa de 50% | Participação nas exportações |
---|---|
Semimanufaturados de ferro ou aço | 8,7% |
Café não torrado | 4,7% |
Carne bovina congelada | 2,2% |
Carregadoras e pás carregadoras | 1,2% |
Outros açúcares de cana | 1,1% |
Apesar da elevação para alguns setores, analistas acreditam que o impacto no agronegócio e na indústria pesada será parcial, já que parte das exportações poderá ser redirecionada para outros mercados compradores.
Na prática, o chamado “tarifaço de Trump” fica mais simbólico do que efetivo, reforçando o tom protecionista do governo, mas sem gerar grandes choques na economia brasileira — pelo menos no curto prazo.
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