Terra gira mais rápido em julho: entenda por que o dia ficou 1,38 milissegundo mais curto

 


Em pleno inverno no Brasil, um fenômeno curioso chamou a atenção de cientistas: a Terra está girando mais rápido do que o habitual em alguns dias de julho e agosto de 2025. Nesta terça-feira, 22 de julho, o planeta completa sua rotação 1,38 milissegundo mais rápido em relação à média — uma diferença tão pequena que não é percebida pelas pessoas, mas que desperta interesse de astrônomos e geofísicos.

Segundo o Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, essa não é a primeira vez que o fenômeno ocorre em 2025. No último dia 9 de julho, a Terra já havia acelerado sua rotação em 1,30 milissegundo. O próximo dia com rotação mais curta está previsto para 5 de agosto, quando a velocidade deve bater 1,51 milissegundo acima do padrão.

Por que o planeta acelera sua rotação?

A rotação da Terra dura, em média, cerca de 86.400.000 milissegundos (24 horas exatas). Desde sua formação, há 4,5 bilhões de anos, a tendência natural tem sido uma desaceleração gradual — no início, um dia durava de 5 a 10 horas. No entanto, variações pontuais podem fazer o planeta girar mais depressa ou mais devagar, dependendo de fatores naturais.

De acordo com Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional, o principal motivo para essas oscilações são eventos como grandes terremotos, tsunamis, mudanças na distribuição de massa entre oceanos e atmosfera, além do movimento do núcleo da Terra e da oscilação dos polos geográficos.

“Esses fenômenos alteram temporariamente o momento de inércia do planeta, afetando a velocidade de rotação”, explica Roig. O Observatório destaca que essas variações são tão pequenas que não impactam o cotidiano, mas têm importância para a astronomia de precisão e sistemas de navegação por satélite.

Registros históricos: 2024 teve o recorde

Desde que começou a medir a rotação da Terra em alta precisão, em 2020, o Observatório Nacional registrou recordes. Em 5 de julho de 2024, o planeta bateu sua maior aceleração desde o início da série, com uma rotação 1,66 milissegundo mais rápida. Antes disso, o recorde moderno pertencia a 30 de junho de 2022, com 1,59 milissegundo.

Até a década de 1950, quando surgiram os primeiros relógios astronômicos, a maior aceleração detectada foi de 1,05 milissegundo. Ou seja, nos últimos anos, os dias “mais curtos” têm sido mais frequentes.

O que as mudanças climáticas têm a ver com isso?

As mudanças climáticas também podem influenciar a velocidade de rotação, principalmente por meio das chamadas marés atmosféricas — o deslocamento periódico de grandes massas de ar, que muda o equilíbrio da Terra. Um exemplo extremo ocorreu há 600 milhões de anos, quando uma grande mudança climática reduziu a duração do dia para 21 horas.

Hoje, mesmo com o aquecimento global e alterações no padrão de ventos e correntes oceânicas, as diferenças seguem mínimas: milissegundos que só podem ser detectados por equipamentos de alta precisão.

Nenhuma perda de tempo para você

Apesar da curiosidade, o Observatório Nacional reforça que ninguém perde horas de sono ou de trabalho quando a Terra gira mais rápido. A rotação segue sendo ajustada para manter os relógios atômicos sincronizados. Para o futuro, os cientistas seguem monitorando, atentos a cada milissegundo.

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