A queda de R$ 32 bilhões na Petrobras é sinal de perigo ou oportunidade de ouro?

 

A divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025 trouxe turbulência para as ações da Petrobras (PETR3; PETR4). No pregão seguinte, os papéis despencaram, resultando em uma perda de aproximadamente R$ 32 bilhões em valor de mercado. Apesar da reação negativa, casas de análise e gestores seguem, em sua maioria, otimistas com a tese de investimento na estatal.

Daniel Utsch, gestor da Nero Capital, lembra que o valuation da Petrobras permanece em patamar historicamente baixo — as ações estão sendo negociadas a cerca de 4,5 vezes o lucro. Para ele, isso oferece uma margem de segurança considerável para quem pensa no longo prazo, embora cada investidor precise avaliar seu apetite ao risco e o peso do ativo no portfólio.

O desempenho operacional veio em linha com as expectativas, mas alguns pontos decepcionaram o mercado. A conversão de caixa foi inferior ao esperado e o capex somou US$ 4,1 bilhões, acima das projeções, reduzindo a distribuição de dividendos para US$ 1,6 bilhão — abaixo do intervalo de US$ 1,9 a US$ 2,2 bilhões estimado.

Outro fator de desconforto foi o anúncio de estudos para reentrada no segmento de distribuição de GLP (botijão de gás), do qual a Petrobras saiu em 2020. Analistas como Bruno Benassi, da Monte Bravo, questionam se essa é a melhor alocação de capital.

Durante a teleconferência, a CEO Magda Chambriard reiterou que a empresa pode voltar ao setor de combustíveis e GLP se houver retorno financeiro e alinhamento estratégico. O CFO também reforçou a baixa probabilidade de dividendos extraordinários em 2025, em razão da queda no preço do petróleo.

Apesar das sinalizações que pesaram sobre os papéis, bancos e corretoras mantêm uma visão construtiva. O Morgan Stanley segue com recomendação overweight e preço-alvo de US$ 17 para os ADRs, destacando a resiliência do fluxo de caixa e a possibilidade de dividendos extraordinários se o petróleo se recuperar. O UBS BB também mantém recomendação de compra, ainda que reconheça riscos ligados ao rendimento de dividendos abaixo do esperado.

O Bradesco BBI enxerga volatilidade à medida que 2026 se aproxima, mas destaca a atratividade da combinação entre dividendos de cerca de 10% e potencial de valorização. Já Malek Zein, da Eleven Financial, aponta custos de extração em queda, expectativa de aumento de produção de cerca de 10% e melhora nas margens de refino como fatores positivos.

O BTG Pactual também recomenda compra, ressaltando potencial de revisão positiva nas projeções de produção e lucros, além de valuation descontado frente a pares latino-americanos.

Segundo compilação da LSEG, entre 11 casas que cobrem PETR4, 8 recomendam compra e 3 manutenção, com preço-alvo médio de R$ 40,80 — alta potencial de 34%. Nos ADRs PBR, 8 de 13 casas indicam compra, com preço-alvo médio de US$ 14,83, implicando potencial de valorização de 22%.

Assim, apesar do tombo no curto prazo, boa parte do mercado ainda enxerga na Petrobras uma oportunidade, especialmente para investidores com foco em dividendos e horizonte de longo prazo.

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