Como a prisão de Bolsonaro e a tarifa dos EUA vão impactar o Ibovespa e o dólar?

 


O dólar e o Ibovespa apresentaram pouca variação nesta terça-feira, refletindo a cautela dos investidores diante de um cenário político e econômico carregado de incertezas. O Ibovespa fechou em alta marginal de 0,14%, aos 133.151 pontos, enquanto o dólar comercial oscilou negativamente apenas 0,01%, cotado a R$ 5,505 na compra e R$ 5,506 na venda.

O mercado acompanha com atenção o impasse nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, que tem como ponto de tensão a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros, válida a partir de quarta-feira (6). Até o momento, as tentativas do governo brasileiro para ampliar a lista de isenções à taxação não tiveram sucesso, o que mantém a pressão sobre os ativos locais.

Além disso, a recente prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, adiciona uma camada extra de risco político, que pode elevar a aversão a risco dos investidores, pressionando a bolsa e impulsionando o dólar. Essa decisão judicial foi citada por Trump como uma das razões para as tarifas, reforçando o tom de retaliação comercial.

Na manhã de hoje, a ausência de comentários de Trump sobre o Brasil durante entrevista à CNBC chegou a trazer algum alívio temporário ao mercado, que havia registrado alta mais forte no início do pregão, ultrapassando os 134 mil pontos. Porém, a incerteza permanece, dado o perfil imprevisível do presidente americano.

Especialistas ressaltam que a prisão de Bolsonaro já estava precificada no mercado, e que o julgamento do ex-presidente parecia apenas uma questão de tempo. Por outro lado, há expectativas positivas quanto ao início de cortes na taxa de juros nos EUA a partir de setembro, o que pode favorecer a atração por ativos de renda variável.

No âmbito da política monetária, o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Copom, destacando que a política tarifária dos EUA gera um ambiente externo mais adverso e incerto, e que a autoridade monetária seguirá focada nos mecanismos de transmissão dessas pressões para a inflação interna.

Também estão no radar os balanços trimestrais de importantes empresas como Itaú, GPA, Iguatemi, PRIO e RD Saúde, que podem influenciar o desempenho do mercado nos próximos dias.

No cenário externo, dados econômicos dos EUA apontam para estagnação da atividade no setor de serviços em julho, com enfraquecimento nas encomendas e no emprego, contribuindo para a queda das bolsas americanas e repercutindo negativamente nos mercados brasileiros.

Assim, o dia foi marcado pela oscilação limitada dos principais indicadores, em meio a um contexto que une riscos políticos internos, tensões comerciais e sinais econômicos globais frágeis.

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