É possível transformar uma virada de chave no mercado financeiro sem estudos?

 


Douglas Sousa, natural de Contagem (MG), nunca imaginou que o mercado financeiro transformaria sua vida. Sem formação escolar completa e vindo do setor imobiliário, ele encontrou no trading não apenas uma fonte de renda extra, mas uma verdadeira vocação que o levou a se destacar entre operadores do Brasil.

Sua entrada no mercado foi, na verdade, fruto do acaso. Depois de trabalhar com terrenos e enfrentar uma rotina ociosa, Douglas buscava algo para ocupar o tempo e garantir uma renda mínima. Foi então que um primo lhe apresentou a bolsa de valores. “Eu falei: agora realizei o sonho, não preciso trabalhar, posso operar da praia”, lembra ele com bom humor.

No entanto, a trajetória não foi simples. Douglas abandonou os estudos ainda na oitava série e jamais tinha lido um livro antes de se interessar pelo mercado financeiro. “Odiava estudar”, confessa. Mas o desafio o despertou para uma dedicação intensa: estudava de madrugada até tarde da noite, mergulhando em análises e aprendizados que foram moldando sua carreira.

A grande virada veio com o foco em operações baseadas em análise macroeconômica, especialmente o uso de dados ao vivo como Payroll e CPI — indicadores econômicos essenciais. Douglas desenvolveu uma metodologia prática, reagindo rapidamente às notícias para operar em segundos, sem tentar adivinhar o futuro, mas interpretando as reações imediatas do mercado. “Ninguém sabe de nada, a verdade está no preço”, ensina.

Para dar suporte a suas operações, ele e seu sócio Kauan Nunes criaram a Alpha Trading, uma plataforma própria que utiliza análise quantitativa e inteligência artificial para mapear a volatilidade e gerar predições diárias. Ainda assim, Douglas reforça que a tecnologia não substitui o julgamento humano: “A inteligência artificial me dá compra, mas eu só compro se o preço mostrar que vai subir.”

Sua abordagem técnica inclui o uso de volume profile, gráficos de pontos e a identificação dos chamados “caixotes” — áreas onde houve maior negociação no pregão anterior. “Se o dólar abrir perto do caixote e a predição for de alta, e ele ganhar essa região com fluxo, eu compro”, explica.

Contudo, o sucesso teve seu preço. Douglas já operou até 700 contratos de índice em um dia, ganhando até R$ 15 mil, mas as perdas também foram severas — em uma ocasião, teve um prejuízo de R$ 60 mil no minidólar. O impacto emocional foi tão grande que ele sofreu uma infecção provocada por estresse intenso, quase chegando a um infarto.

Hoje, ele atua com risco controlado e defende o respeito ao perfil de cada operador: “O errado é perder mais do que você estava disposto a perder. O resto, se está ganhando dinheiro, está certo.” Com disciplina, resiliência e uma abordagem prática, Douglas Sousa construiu sua história de superação e se tornou referência no universo do trade brasileiro.


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