O dólar caiu de novo — mas isso significa estabilidade ou apenas uma pausa na tempestade?

 


O dólar à vista encerrou a segunda-feira em queda de 0,69%, cotado a R$ 5,5070, marcando a segunda sessão consecutiva de desvalorização frente ao real. A movimentação reflete não apenas a expectativa de um possível afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, mas também uma leve recuperação dos ativos brasileiros após dias de pressão causados pelas novas tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil.

No mercado futuro, o dólar também seguiu em baixa: às 17h08, o contrato com vencimento mais próximo recuava 0,63%, sendo negociado a R$ 5,544. A queda da moeda norte-americana trouxe certo alívio ao mercado, mas os investidores seguem cautelosos com o cenário geopolítico e econômico instável.

Nos bastidores, o destaque continua sendo a tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos. As tarifas “recíprocas” prometidas por Donald Trump devem começar a valer nesta semana para 69 países, entre eles o Brasil. Mesmo com a sinalização de uma eventual conversa entre o presidente Lula e o norte-americano, ainda não há uma definição clara sobre como o governo brasileiro responderá à sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros.

Trump afirmou que “Lula pode falar comigo a qualquer momento”, mas também voltou a criticar o tratamento que o Brasil tem dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração gerou apreensão entre os investidores, que enxergam nas tarifas e no clima diplomático tenso fatores de risco para a economia brasileira, especialmente no comércio exterior.

No cenário doméstico, o foco agora se volta para dois eventos importantes: a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta terça-feira (5) e os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A expectativa é de uma aceleração na criação de empregos formais em junho, o que pode indicar resiliência no mercado de trabalho brasileiro.

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, trouxe mais uma queda nas projeções de inflação para os próximos meses. A mediana do IPCA de 2025 caiu pela décima semana seguida, passando de 5,09% para 5,07%. Mesmo assim, o índice permanece acima do teto da meta de 4,5%, o que dificulta uma postura mais agressiva do Banco Central em relação à redução da taxa Selic.

Outro ponto de atenção é o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), que acelerou em quatro das sete capitais pesquisadas, subindo de 0,31% para 0,37% na última quadrissemana de julho. O dado pressiona a percepção de que a inflação pode seguir resistente, mesmo com o recuo do dólar.

No câmbio, o Banco Central iniciou a rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em 1º de setembro de 2025, ofertando até 35 mil contratos, o equivalente a US$ 1,75 bilhão. Além disso, foi autorizado o aumento de capital do Banco Master, de R$ 3,763 bilhões para R$ 4,763 bilhões.

Em paralelo, no campo político, a Polícia Federal cumpriu medidas contra o senador Marcos do Val, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, após descumprimento de ordens judiciais. O episódio adiciona mais tensão ao cenário nacional, já carregado de incertezas econômicas e diplomáticas.

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