Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda pela quarta sessão consecutiva nesta terça-feira (5), pressionados por uma combinação de fatores geopolíticos e estratégicos de produção. A decisão da Opep+ de aumentar a oferta de petróleo a partir de setembro foi o principal catalisador da baixa, mas as declarações incisivas do presidente norte-americano Donald Trump também ajudaram a empurrar os preços para baixo.
Na bolsa de Nova York (Nymex), o barril do petróleo WTI com vencimento em setembro caiu 1,70%, fechando a US$ 65,16. Já o Brent para outubro, negociado em Londres, recuou 1,62%, a US$ 67,64. Ambas as referências seguem acumulando perdas na semana, refletindo preocupações com excesso de oferta e novos desdobramentos diplomáticos.
A ampliação da produção por parte da Opep+ surpreendeu parte dos investidores. A organização, que reúne grandes exportadores como Arábia Saudita e Rússia, decidiu antecipar o aumento da produção, originalmente planejado para o final do ano, diante da percepção de que o mercado está bem abastecido. Essa escolha, porém, elevou temores de excesso de oferta, especialmente em um cenário de demanda que ainda apresenta sinais mistos.
A movimentação da Opep+ acontece em paralelo às pressões do governo dos Estados Unidos contra países que continuam comprando petróleo russo. Em uma declaração polêmica pela manhã, Donald Trump chamou a Índia de “parceira comercial ruim” e ameaçou aumentar as tarifas sobre o país como represália pela manutenção das importações de óleo russo. “Vou aumentar a tarifa para eles substancialmente por conta do petróleo da Rússia”, disse o presidente americano, em tom crítico.
Trump também minimizou os riscos de alta nos preços do petróleo, afirmando “não estar preocupado” com a situação. Suas falas não só influenciaram os mercados diretamente como também alimentaram a tensão em torno da segurança energética global. A Índia, embora sob pressão, ainda vê incentivos para seguir comprando petróleo russo, segundo analistas da Rystad Energy.
Além disso, o Financial Times informou que os EUA podem impor novas sanções à “frota fantasma” de petroleiros da Rússia caso não haja um cessar-fogo na Ucrânia até sexta-feira. Se confirmadas, essas seriam as primeiras sanções adicionais aplicadas por Trump desde seu retorno à presidência em janeiro.
Para o Commerzbank, a Opep+ deveria ser mais cautelosa, já que um aumento de produção num cenário de possível excesso de oferta global pode gerar uma nova rodada de queda nos preços. No entanto, o banco alemão destaca que o quadro pode mudar se as sanções dos EUA causarem uma disrupção efetiva na oferta russa.
Com esses elementos em jogo — aumento da produção, ameaças tarifárias, sanções possíveis e instabilidade geopolítica — o mercado de petróleo parece longe de encontrar um ponto de equilíbrio nas próximas semanas. E enquanto isso, investidores seguem atentos a cada fala, gesto e decisão de líderes globais.
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