O Ibovespa iniciou a semana com alta de 0,40%, encerrando o pregão aos 132.971,20 pontos, após semanas consecutivas de perdas. O movimento foi interpretado como um possível alívio temporário em meio à instabilidade econômica, influenciada por fatores tanto internos quanto externos. No mesmo dia, o dólar comercial registrou queda de 0,69%, fechando a R$ 5,506, e chegou a romper a marca simbólica de R$ 5,50 durante a sessão. Os juros futuros (DIs) também recuaram em toda a curva.
A liquidez na Bolsa brasileira, no entanto, permanece reduzida. O número de negócios se manteve em torno de 1 milhão, o que sinaliza cautela por parte dos investidores. A crise provocada pelo aumento de tarifas, principalmente por parte do governo dos Estados Unidos, continua afetando a confiança do mercado. Mesmo assim, o cenário externo trouxe certo alívio. As bolsas norte-americanas fecharam com ganhos expressivos, todos acima de 1%, após um fim de semana de digestão dos fracos dados do payroll e da saída de Adriana Kugler do Fed.
Com um mercado de trabalho norte-americano mais frágil e a inflação ainda resistente, aumenta a expectativa de que o Federal Reserve possa iniciar uma flexibilização monetária já em setembro. Essa possibilidade traz otimismo aos investidores, que voltaram a buscar ativos de risco.
Enquanto isso, novas tensões geopolíticas surgem. O presidente Donald Trump anunciou que aumentará substancialmente as tarifas contra a Índia, país dos Brics, por continuar comprando petróleo da Rússia. A medida adiciona mais incertezas ao comércio internacional e pressiona outras economias emergentes, como o Brasil. Por outro lado, a União Europeia optou por suspender temporariamente suas represálias tarifárias, buscando manter o diálogo com os EUA.
No campo diplomático, o governo brasileiro sinalizou disposição para dialogar com os EUA. Celso Amorim, assessor especial da Presidência, declarou que o presidente Lula está disposto a conversar com Trump, mas no “momento certo”. A aproximação pode ter impacto direto na condução das relações econômicas bilaterais, especialmente nas tratativas sobre o uso de moedas alternativas ao dólar.
No cenário local, o Boletim Focus trouxe projeções mais positivas: a inflação foi revisada para baixo pela décima semana consecutiva. Além disso, o país criou 166.621 vagas de trabalho formais em junho, segundo o Caged. Embora o número tenha ficado abaixo das expectativas, o saldo ainda é considerado favorável.
No mercado acionário, os destaques foram os papéis da Vale, com alta de 0,80% puxada pelo minério de ferro, e dos bancos, especialmente o Banco do Brasil (+2,08%). Embraer também se destacou com ganho de 1,20%, enquanto a Petrobras recuou 0,16%, refletindo a queda do petróleo no mercado internacional.
A terça-feira promete movimentação com a divulgação da ata do Copom e dos PMIs globais de serviços. Além disso, empresas como Klabin, Embraer e Magazine Luiza devem divulgar seus balanços, o que pode trazer nova direção ao mercado. Por enquanto, o clima é de trégua — mas o cenário ainda exige atenção.
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