O que o Fed pode estar escondendo? As taxas vão mesmo cair ou a inflação vai explodir?

 


A economia dos Estados Unidos atravessa um momento delicado e cheio de sinais ambíguos. Enquanto parte do mercado aposta em cortes nos juros ainda em 2025, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, ainda resiste em assumir esse caminho de forma definitiva. Em meio a essa indecisão, surgem dúvidas: será que o Fed sabe de algo que o mercado ainda não entendeu? Ou está apenas tentando ganhar tempo diante de um cenário volátil e difícil de prever?

Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, lançou uma luz sobre esse impasse em um discurso recente na Flórida. Segundo ele, os riscos para o mercado de trabalho aumentaram, principalmente após a divulgação dos últimos dados de emprego. O relatório apontou uma desaceleração nas contratações e um aumento na taxa de desemprego em julho. Além disso, as estatísticas anteriores foram revisadas para baixo, o que indica que a economia vinha gerando menos empregos do que se imaginava. Isso acendeu um sinal de alerta entre os formuladores de política monetária.

Apesar disso, Bostic segue cauteloso. Ele afirmou que ainda é cedo para assumir um compromisso com cortes nos juros, mesmo com a desaceleração do mercado de trabalho. Sua projeção pessoal é de apenas um corte simbólico de 0,25 ponto percentual até o fim do ano. Para ele, ainda há muitos dados por vir — tanto sobre inflação quanto sobre o emprego — que podem influenciar essa decisão antes da próxima reunião do Fed, marcada para 16 e 17 de setembro.

No pano de fundo, a inflação continua sendo um problema. Mesmo com a economia esfriando, Bostic acredita que as pressões inflacionárias podem voltar a crescer nos próximos meses. Um dos fatores que mantém essa preocupação acesa é o impacto das tarifas comerciais, que podem levar a aumentos de preços persistentes caso alterem estruturalmente as cadeias globais de produção. Se empresas começarem a substituir fornecedores chineses por produtores mais caros em outras regiões, o custo final dos produtos tende a subir — o que alimenta a inflação.

A política tarifária, aliás, tem sido um fator central nas discussões econômicas. O presidente Donald Trump insiste em reduções agressivas dos juros, mas também promove tarifas que podem gerar o efeito contrário ao desejado. A demissão da chefe da agência de estatísticas do trabalho após a divulgação de dados negativos evidencia o grau de tensão entre política econômica e interesses eleitorais.

Na avaliação de Bostic, ainda pode levar até 2026 para que se perceba todo o impacto dessas mudanças tarifárias na economia americana. Até lá, o Fed caminha em terreno instável, tentando equilibrar os riscos de uma recessão com os de uma inflação fora de controle.

A grande questão que fica é: o Fed está ganhando tempo para evitar pânico ou está realmente sem respostas claras para o que vem pela frente?

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