O Itaú BBA projeta uma valorização significativa para as ações argentinas, com ganhos que podem variar entre 15% e 55% até dezembro de 2025. Essa expectativa vem após uma recente correção de 25% a 40% nos preços dos recibos de ações de empresas argentinas negociadas nos Estados Unidos — os chamados ADRs (American Depositary Receipts). A queda recente teria melhorado a relação entre risco e retorno, tornando o investimento mais atraente.
Principais empresas recomendadas
Entre as empresas apontadas pelo banco para capturar a recuperação econômica da Argentina, destacam-se o Grupo Financiero Galicia, Banco Macro, Vista Energy, YPF, Loma Negra e a Bolsa y Mercados Argentinos (Byma). Essas companhias estariam em melhores condições para aproveitar o atual cenário de retomada, apoiado por políticas públicas focadas na responsabilidade fiscal.
Eleições e impactos no mercado
O banco considera que as eleições legislativas, marcadas para setembro na província de Buenos Aires e para outubro em todo o país, serão um termômetro importante para medir o apoio dos eleitores às medidas econômicas adotadas pelo governo. Um resultado favorável pode reduzir os prêmios de risco exigidos pelos investidores nos títulos públicos argentinos, facilitando o acesso do Tesouro Nacional aos mercados de crédito e impulsionando a valorização da bolsa.
Potencial de valorização e múltiplos
Segundo os analistas, as ações argentinas ainda têm baixa participação nas carteiras dos investidores, sendo negociadas abaixo dos níveis históricos. Por exemplo, papéis do Grupo Financiero Galicia, Banco Macro e BBVA Argentina são cotados com múltiplos preço sobre valor patrimonial (PBV) para 2026 entre 1,20x e 1,40x — valores que ainda estão 25% a 40% inferiores aos picos observados em 2024.
Uma eventual retomada no crescimento do crédito e melhora nos retornos sobre o patrimônio (ROE) pode ajudar a elevar esses múltiplos e impulsionar a valorização das ações.
Setores em destaque
No setor de energia, empresas como Vista Energy e YPF têm múltiplos estimados de valor da empresa sobre geração de caixa operacional (EV/Ebitda) entre 3,0x e 3,4x para 2026. O Itaú BBA aposta que o aumento da produção de petróleo e gás em campos não convencionais, como Vaca Muerta, será um motor importante de crescimento para essas companhias.
Possível retorno ao status de mercado emergente
Um fator que pode atrair investimentos estrangeiros é a possibilidade de a Argentina recuperar em 2026 seu status de mercado emergente no índice MSCI (Morgan Stanley Capital International). Caso isso ocorra, estima-se a entrada de US$ 1,1 bilhão a US$ 2,3 bilhões em recursos, sem considerar aportes de fundos ativos.
Desafios e riscos
Apesar das perspectivas positivas, o Itaú BBA alerta que o progresso econômico depende da continuidade das reformas estruturais, incluindo a liberalização do câmbio, reformas trabalhista e previdenciária, e revisão da carga tributária e exigências regulatórias. O avanço será gradual e exigirá consenso político.
O principal risco para os investidores está na interrupção desse processo de reformas. Além disso, a Argentina precisa gerar reservas líquidas em moeda estrangeira para melhorar sua avaliação de crédito e criar condições para um crescimento sustentável.
Setores atrativos para o futuro
Áreas como energia não convencional, mineração, agricultura e infraestrutura devem continuar atraindo investimentos, contribuindo para o aumento da arrecadação pública. No entanto, fatores externos, como preços internacionais de commodities e fluxo global de capitais, seguirão influenciando a economia argentina.
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