Enquanto os mercados globais enfrentam um momento de reavaliação, o Brasil começa a se destacar como um dos destinos mais atrativos para investidores que miram a América Latina. A leitura é do Bradesco BBI, que divulgou nesta segunda-feira (4) um relatório destacando os fatores que colocam o país em posição privilegiada diante da desaceleração das maiores economias do mundo, especialmente os Estados Unidos.
Com o Produto Interno Bruto (PIB) americano mostrando sinais de fraqueza no segundo trimestre de 2025 e o mercado de trabalho dando indícios de desaquecimento, a tendência é que o capital global busque refúgios mais promissores. É nesse contexto que o Brasil, com sua economia menos atrelada às dinâmicas globais e mais pautada por movimentos internos, surge como alternativa relevante.
Segundo os analistas do banco, há um “duplo desconto” nos ativos brasileiros: tanto no câmbio quanto na avaliação das ações. Ou seja, além de o real estar desvalorizado frente a outras moedas, as empresas listadas em bolsa também estão com preços atrativos. Isso cria uma oportunidade rara para investidores interessados em valorização no médio e longo prazo.
Outro aspecto relevante é o ciclo doméstico de queda de juros. Com a Selic atualmente em 15% ao ano, existe espaço para cortes adicionais, sobretudo se a atividade econômica interna mostrar sinais de desaceleração. E, neste cenário, setores como o de consumo, construção civil e ações de estatais, mais sensíveis à taxa básica, tornam-se especialmente interessantes.
As eleições municipais previstas para o segundo semestre também são vistas como um vetor que pode influenciar positivamente a percepção de estabilidade e previsibilidade política — fatores que, em mercados emergentes, pesam bastante na decisão dos investidores estrangeiros.
Além disso, a expectativa de valorização do real frente ao dólar adiciona uma camada extra de retorno potencial. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, encontra-se em posição neutra e com dificuldades de ultrapassar sua média de 100 dias. Isso sugere que a força do dólar pode estar no limite, favorecendo moedas de países emergentes.
Na comparação com outros países da região, o Brasil leva vantagem. O Chile é visto como segunda melhor opção, impulsionado pela recuperação chinesa e pelo ambiente político. O México, embora com empresas sólidas, é prejudicado pela forte dependência dos EUA. Já a Argentina continua sendo uma aposta de alto risco, devido à instabilidade cambial, ao preço do petróleo e às incertezas políticas.
Por fim, o relatório observa que os fundos de índice (ETFs) voltados à América Latina continuam atraindo recursos de forma consistente, mesmo em momentos de correção. Isso reforça a ideia de que há um interesse estrutural crescente na região, e o Brasil, por ora, está no centro desse movimento.
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