Depois de atingir R$5,60 na quinta-feira, o dólar registrou uma queda expressiva nesta sexta-feira, 1º de agosto, encerrando o dia abaixo de R$5,55. A retração de quase 1% acompanhou o movimento global de enfraquecimento da moeda norte-americana, que perdeu força diante de dados econômicos decepcionantes vindos dos Estados Unidos.
Mesmo com o anúncio de novas tarifas comerciais impostas pelo governo americano a dezenas de parceiros, o foco dos investidores se voltou para o mercado de trabalho norte-americano, cujos números ficaram muito abaixo do esperado.
Dados do Emprego Surpreendem
A economia dos EUA criou apenas 73 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, contra a expectativa de 110 mil. O resultado também foi menor que o do mês anterior, quando foram abertas 147 mil vagas. Esse dado, considerado um dos principais termômetros da atividade econômica pelo Federal Reserve, acendeu o alerta para uma possível desaceleração da maior economia do mundo.
O resultado ruim fez aumentar as apostas de que o Fed poderá reduzir a taxa de juros em setembro, em uma tentativa de estimular a economia. O movimento impactou diretamente o dólar, que se enfraqueceu frente a várias moedas globais, inclusive o real.
Mercado Ignora Tarifas… Por Enquanto
No mesmo dia em que os números do payroll vieram à tona, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva determinando novas tarifas recíprocas para dezenas de países. Entre os afetados estão parceiros tradicionais como Suíça, Canadá, Myanmar e Tailândia. No caso brasileiro, a tarifa de 50% sobre alguns produtos pegou o governo de surpresa.
Apesar disso, o mercado de câmbio preferiu se concentrar no cenário macroeconômico global. O fraco desempenho do mercado de trabalho norte-americano falou mais alto do que as novas medidas protecionistas de Trump, pelo menos neste primeiro momento.
Produção Industrial e Contexto Interno
No Brasil, alguns fatores internos também estiveram no radar dos investidores. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o governo vai continuar tentando amenizar o impacto das tarifas, negociando via Itamaraty e preparando medidas de proteção para a agricultura e a indústria. Ele garantiu que o apoio a setores prejudicados não afetará a meta fiscal.
Além disso, o IBGE divulgou que a produção industrial brasileira subiu 0,1% em junho em relação a maio, mas caiu 1,3% frente a junho de 2024. Já o acumulado de 12 meses mostra expansão de 2,4%, mas em ritmo mais lento. Esses números foram acompanhados de perto por investidores atentos ao desempenho da economia local.
STF no Radar Político
Outro ponto de atenção foi a reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal (STF) após o recesso. O plenário teve uma cerimônia para defender o ministro Alexandre de Moraes, que foi alvo de sanções pelos EUA com base na Lei Magnitsky. Haddad afirmou que não há justificativa para tarifas tão altas e que o governo brasileiro seguirá firme em defesa de seus interesses.
Dólar Turista Também Cede
Com o dólar à vista encerrando a sexta-feira em baixa de 0,98%, cotado a R$5,5453, a moeda acumulou perda de 0,30% na semana. No ano, a queda é ainda mais expressiva, superando 10%. O dólar turismo também recuou, sendo vendido a R$5,749.
Perspectiva para os Próximos Dias
Para o mercado, o foco segue dividido entre o impacto real das tarifas, a possibilidade de cortes de juros nos EUA e os próximos movimentos do governo brasileiro para mitigar os efeitos do tarifaço. Enquanto isso, investidores seguem atentos aos desdobramentos políticos e econômicos que podem mexer novamente com a cotação do dólar.
Com incertezas no radar, fica a dúvida: o dólar continuará recuando ou novos fatores podem inverter a trajetória da moeda já na próxima semana?
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