Os contratos futuros de petróleo fecharam esta sexta-feira (1º) com uma queda expressiva de quase 3%, em um pregão marcado por uma combinação de fatores que aumentaram a incerteza nos mercados globais. A baixa aconteceu apesar de uma escalada na tensão geopolítica, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar o envio de dois submarinos nucleares para “regiões apropriadas” perto da Rússia — uma resposta às recentes declarações do ex-presidente russo Dmitry Medvedev.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro recuou 2,78%, fechando a US$ 67,33 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 2,83%, encerrando o dia cotado a US$ 69,67. Ainda assim, na semana, o WTI acumulou alta de 3,33% e o Brent avançou 2,97%, sustentados por sanções iminentes à Rússia.
O Que Pesou Mais do Que a Tensão?
Embora tensões militares e ameaças nucleares tendam a sustentar ou até elevar o preço do petróleo, dois fatores pesaram mais no sentimento do mercado nesta sexta:
1. Indicadores Fracos dos EUA
Um dado decepcionante sobre o mercado de trabalho americano reacendeu o temor de desaceleração econômica. O payroll mostrou que a economia dos EUA abriu apenas 73 mil vagas fora do setor agrícola no último mês, muito abaixo das 110 mil esperadas. O resultado sinaliza uma possível fraqueza na demanda por combustíveis, já que menos atividade econômica significa menor consumo de energia.
2. Opep+ Pode Aumentar a Oferta
Relatos de que a Opep+, grupo que reúne os principais produtores de petróleo e aliados, deve aprovar mais um aumento de produção também assustaram o mercado. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, oito membros do cartel devem liberar a produção adicional de até 548 mil barris por dia em setembro, ampliando a oferta num momento de sinais de demanda mais fraca.
A combinação de aumento de oferta com uma economia que pode esfriar mexeu diretamente com o apetite de investidores. Para Rebecca Babin, trader sênior de energia da CIBC Private Wealth US, o tombo do petróleo reflete claramente “uma venda motivada por fatores macroeconômicos”, agravada pelas notícias sobre tarifas comerciais, que também impactam o cenário de consumo global.
A Tensão Militar Ainda Conta?
Mesmo com a retórica dura de Trump — que voltou a subir o tom contra a Rússia, ordenando o envio de submarinos nucleares como resposta a falas provocativas de Medvedev — o impacto geopolítico não foi suficiente para reverter o tom negativo dos preços do barril. A razão é simples: o mercado de petróleo, em curto prazo, está mais atento a oferta e demanda imediatas do que a ameaças indiretas.
O endurecimento das sanções ocidentais contra o petróleo russo sustentou os preços durante a semana, mas o movimento perdeu força com a possibilidade de a Opep+ ampliar a produção. Para analistas, enquanto a tensão não se traduzir em riscos reais de interrupção de oferta, o impacto sobre os preços tende a ser limitado.
E Agora? O Que o Mercado Observa?
Para as próximas semanas, investidores devem ficar atentos a dois pontos centrais:
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A decisão final da Opep+, prevista para este domingo, que pode sacramentar o aumento de produção.
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Novos sinais sobre a economia americana, principalmente dados de inflação e possíveis cortes de juros — tema que ganhou força após a divulgação do payroll fraco.
Enquanto isso, o jogo geopolítico segue como fator de fundo. A escalada entre EUA e Rússia é monitorada de perto, mas, por ora, o mercado de petróleo parece mais guiado pelos fundamentos de estoque e demanda.
Balanço da Semana
Apesar do tombo desta sexta, o saldo semanal foi positivo para os preços da commodity, graças à perspectiva de restrições adicionais ao petróleo russo e especulações sobre maiores sanções. Contudo, se a produção global realmente aumentar, como indicam as fontes da Opep+, o alívio na oferta pode manter o barril sob pressão.
No tabuleiro do petróleo, o equilíbrio segue frágil — e o mercado continua a perguntar: será que a economia aguenta o ritmo? E até onde vai a aposta de Trump em sanções e tensões para manter os preços sob controle?
Para os consumidores e investidores, resta acompanhar. Afinal, do preço do barril dependem os combustíveis, o dólar e até a inflação. E, pelo visto, não faltarão surpresas nos próximos pregões.
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