O cenário para os ativos brasileiros em 2025 apresenta um mix de fatores que criam um ambiente menos hostil, mas ainda assim repleto de incertezas e riscos. A inflação em queda, o câmbio valorizado e a expectativa de cortes nos juros globais são sinais positivos que abrem espaço para maior atratividade aos investidores. Por outro lado, tensões comerciais com os Estados Unidos, eleições presidenciais no horizonte e uma política monetária ainda contracionista levam as principais gestoras a adotarem uma postura cautelosa e seletiva.
A Adam Capital ressalta que, apesar dos ruídos políticos e macroeconômicos, “o Brasil preserva fundamentos relativamente sólidos”, mantendo seu apelo para investimentos. Contudo, a gestora destaca que a taxa Selic ainda elevada e a persistente incerteza fiscal representam freios importantes para uma recuperação mais robusta do mercado financeiro local.
No plano internacional, a Genoa observa que o possível início dos cortes de juros pelo Federal Reserve, como projetado pelo Goldman Sachs, pode aumentar o apetite por ativos de risco, favorecendo mercados emergentes como o brasileiro. Porém, alertam que o principal desafio permanece sendo a necessidade de reduzir a demanda final para assegurar a convergência da inflação à meta estabelecida.
O choque tarifário imposto pelo presidente Donald Trump também preocupa as gestoras. A JGP chama a atenção para o risco de uma escalada nas tensões comerciais entre Brasil e EUA, que poderia intensificar os impactos econômicos e financeiros negativos para o país. Embora as projeções de inflação para 2025 tenham recuado, a expectativa para 2026 em diante permanece praticamente inalterada, o que dificulta um cenário mais otimista para a política monetária.
Falando especificamente sobre a inflação, a Legacy revisou sua projeção para 2025, de 6,2% para 4,6%, explicando que essa redução se deve principalmente à apreciação cambial e à queda nos preços das commodities. A gestora acredita na possibilidade de cortes na Selic já na última reunião do próximo ano, apoiada por sinais de desaceleração da economia. Em contrapartida, a Ibiuna mantém uma visão mais cautelosa, projetando inflação de 4,9% e atividade econômica praticamente estagnada no segundo semestre. Para essa gestora, o ambiente político deve adicionar volatilidade e a política monetária seguirá restritiva por um período prolongado.
A postura de cautela se reflete também nas estratégias adotadas pelas gestoras. A Adam e a Genoa preferem maior prudência em renda variável e concentram-se em operações táticas envolvendo juros e câmbio. A JGP afirma que o tema eleitoral seguirá sendo decisivo para os rumos dos ativos brasileiros nos próximos meses, mantendo uma postura observadora antes de aumentar a exposição ao risco.
Enquanto isso, a Legacy aposta em posições aplicadas, que se beneficiam da queda dos juros, projetando que a expectativa de cortes pelo Banco Central em 2026 impulsione os retornos. A Ibiuna, por sua vez, foca em aplicações no exterior, com viés vendido no dólar e atuação seletiva em mercados de juros desenvolvidos e emergentes.
Em resumo, o ambiente de investimentos no Brasil em 2025 será marcado por uma mistura de oportunidades geradas pela melhora dos fundamentos macroeconômicos, mas também por riscos significativos decorrentes das tensões comerciais, cenário político conturbado e política monetária ainda restritiva. Assim, a prudência e a seletividade serão essenciais para navegar o mercado brasileiro nos próximos meses.
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