Com grandes empresas como a Amazon anunciando cortes de pessoal motivados pelo avanço da inteligência artificial (IA), trabalhadores ao redor do mundo tentam entender quais carreiras correm maior risco de serem automatizadas. Um estudo recente da Microsoft trouxe luz sobre esse cenário, apontando quais funções têm maior “aplicabilidade” da IA, ou seja, tarefas que a tecnologia já consegue desempenhar com alta eficiência.
Quem está no topo da lista?
Segundo o relatório, profissões intelectuais e de comunicação estão entre as mais expostas. Tradutores, historiadores, escritores, atendentes de atendimento ao cliente e profissionais de vendas figuram entre as funções com maior pontuação de aplicabilidade da IA. Essas atividades envolvem processamento e produção de texto, comunicação e interpretação de informações — exatamente onde a IA generativa tem mais domínio.
A pesquisa destaca que trabalhos administrativos, computacionais, matemáticos e cargos ligados a vendas, que frequentemente envolvem explicar ou transmitir informações, também serão altamente impactados. Não significa, porém, que esses empregos serão extintos imediatamente, mas que a concorrência com ferramentas de IA será inevitável.
Diploma não é garantia contra a automação
Curiosamente, as ocupações com maior risco de automação incluem muitas que exigem diploma universitário, como cientistas políticos, jornalistas e analistas de gestão. Isso desafia a crença tradicional de que um diploma garante estabilidade e progresso na carreira. Na verdade, a pesquisa da Microsoft indica que profissões que demandam ensino superior apresentam maior aplicabilidade da IA do que aquelas que não exigem.
E quem está mais seguro?
No outro extremo, profissões que envolvem operações práticas, físicas e que exigem controle de equipamentos complexos, como operadores de dragas, pontes, eclusas e estações de tratamento de água, têm pouca exposição à IA generativa atualmente, por demandarem habilidades manuais e supervisão técnica in loco.
Além disso, o setor de saúde, especialmente assistência domiciliar e cuidados pessoais, é apontado como um dos que mais crescerá na próxima década e com baixa aplicabilidade da IA para substituição, já que o contato humano e o cuidado direto são fundamentais.
O impacto mais amplo da IA
A Microsoft reconhece que seu estudo abrange apenas o impacto da IA generativa (modelos de linguagem) e que outras tecnologias de automação poderão afetar ainda mais profissões ligadas a operações e monitoramento, como motoristas de caminhão, por exemplo.
Kiran Tomlinson, pesquisadora sênior da Microsoft, ressalta que a IA é uma ferramenta que pode mudar como o trabalho é feito, suportando muitas tarefas, mas não substituindo completamente as profissões. O desafio será entender e gerenciar esse impacto social e econômico à medida que a adoção da IA cresce.
A Geração Z e a aposta na educação
Depois de anos turbulentos no setor de tecnologia, muitos jovens da Geração Z têm buscado áreas consideradas mais estáveis, como a educação. Porém, o relatório indica que mesmo funções no ensino, especialmente em cursos superiores e áreas específicas como gestão agrícola, economia e biblioteconomia, podem ser impactadas pela IA.
Apesar de ser improvável a substituição em massa de professores por IA no curto prazo, a tecnologia já está remodelando o modo como o ensino é oferecido e preparado, criando um cenário em rápida transformação.
Reflexão final
Líderes do setor, como Jensen Huang, CEO da Nvidia, alertam que “todos os empregos serão afetados pela IA, imediatamente”, e que o diferencial será o uso da tecnologia como ferramenta. A adoção da IA não é apenas uma questão de substituir trabalhadores, mas de como os profissionais se adaptam e incorporam essa nova realidade para manter sua relevância no mercado.
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