O dólar à vista apresentou leve queda frente ao real nesta sexta-feira, apontando para o fechamento da semana no campo negativo. O movimento ocorre em meio à atenção redobrada de investidores ao impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos e às expectativas em relação a possíveis cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) nos próximos meses.
No cenário externo, as atenções também se voltam para a reunião entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, que deve tratar de um possível cessar-fogo na Ucrânia. A tensão é agravada pela ameaça de Trump de ampliar sanções contra Moscou.
Internamente, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, reforçou a importância do diálogo com os EUA após se reunir com o encarregado de Negócios da Embaixada americana, Gabriel Escobar. O encontro ocorre no contexto de negociações para atenuar os efeitos das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros desde quarta-feira.
Nesta manhã, às 10h37, o dólar à vista subia 0,13%, sendo cotado a R$ 5,416 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,21%, a R$ 5,460. Na quinta-feira, a moeda norte-americana havia encerrado o dia em queda de 0,72%, a R$ 5,4235. O Banco Central anunciou a realização de um leilão de até 35 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem de vencimentos previstos para 1º de setembro de 2025.
O clima no mercado doméstico ainda é de cautela. Embora alguns produtos brasileiros tenham sido excluídos da nova tarifa norte-americana, como energia, aeronaves e suco de laranja, a pressão sobre diversos setores permanece. Há expectativa de que o governo brasileiro anuncie, até a próxima terça-feira, um plano de contingência para apoiar empresas impactadas. Três fontes ligadas ao tema indicaram que a proposta pode envolver cerca de R$ 30 bilhões em crédito com condições especiais.
No plano internacional, a política monetária dos EUA também influencia os movimentos. Dados recentes apontando fraqueza no mercado de trabalho norte-americano aumentaram as apostas de que o Fed retomará cortes na taxa de juros já em setembro. A nomeação de Stephen Miran para a diretoria do banco central, anunciada por Trump, reforça as expectativas de ajustes que podem beneficiar moedas emergentes, como o real.
O índice do dólar, que mede o desempenho da divisa frente a seis moedas fortes, subia 0,26%, a 98,233, refletindo o equilíbrio entre a cautela dos investidores e a busca por oportunidades diante das incertezas econômicas globais.
Se essa tendência de queda do dólar se consolidará ou não dependerá diretamente do avanço nas negociações comerciais e das decisões de política monetária nas próximas semanas.
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