Será que o Federal Reserve Vai Mesmo Cortar os Juros em Setembro? Veja o Que o Mercado Está Dizendo

 


Nesta sexta-feira (1º), as taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto registraram queda, refletindo o movimento dos Treasuries nos Estados Unidos e a oscilação do dólar. O principal catalisador para essa mudança foi a divulgação do payroll de julho, que mostrou a criação de apenas 73 mil vagas de emprego — bem abaixo da expectativa de 104 mil vagas. Esse dado reforça a percepção crescente entre investidores e economistas de que o Federal Reserve (Fed) poderá iniciar uma rodada de cortes nas taxas de juros já na reunião marcada para setembro.

Entre os títulos prefixados brasileiros, o Tesouro Prefixado 2028 viu sua taxa recuar de 13,64% para 13,48% ao ano, enquanto o Tesouro Prefixado 2032 caiu de 13,98% para 13,89%. Já entre os títulos indexados à inflação, houve redução da taxa real do Tesouro IPCA+ 2040, que passou de 7,14% para 7,11%, e do Tesouro IPCA+ 2050, que caiu de 6,93% para 6,88%. Curiosamente, no começo desta semana, o título mais longo chegou a ultrapassar a marca de 7% ao ano, além do IPCA.

O alívio nas taxas de juros, porém, acontece em um cenário ainda marcado por incertezas. Logo no início do dia, o mercado local reagiu com aversão ao risco após o anúncio do presidente americano Donald Trump sobre uma nova rodada de tarifas contra dezenas de países, pegando de surpresa importantes parceiros comerciais, como o Canadá. Segundo Danilo Moreno, especialista em ETFs da Investo, essa medida trouxe uma volatilidade intensa para diversos segmentos da bolsa brasileira, impactando a alta do dólar e a abertura da curva de juros, além de afetar diretamente as ações de empresas exportadoras.

No entanto, à medida que o dia avançava, o câmbio amenizou a alta do dólar e os juros passaram a recuar, à medida que o mercado avaliava a leitura do payroll. A desaceleração no ritmo de criação de empregos nos EUA reacendeu a expectativa de que o Fed poderá flexibilizar a política monetária em setembro, revertendo o sentimento anterior mais firme após declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, dois dias antes.

Para a economista Andressa Durão, do ASA, o dado fraco de emprego, somado às revisões para baixo dos meses anteriores, indica uma queda mais forte na demanda por mão de obra, mesmo com a taxa de desemprego mantida em 4,2%, em linha com o esperado. “Powell deixou claro que o desemprego é o principal termômetro para a política monetária, e as chances de corte de juros em setembro aumentaram consideravelmente”, explicou.

Na mesma linha, Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, considerou o resultado um “golpe significativo” na percepção de resiliência do mercado de trabalho americano, que vinha sustentando a expectativa de juros mais altos por mais tempo.

Com tudo isso, o mercado segue atento às próximas decisões do Fed e à evolução dos dados econômicos, que serão fundamentais para determinar o rumo da política monetária americana, e, por consequência, seu impacto nos juros domésticos e no dólar. A pergunta que fica para investidores e economistas é: será que o ciclo de cortes de juros já começou, ou ainda há turbulência pela frente?

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