Tarifaço Trump: Como o Setor Frigorífico e a Embraer Estão Reagindo à Reviravolta?

 


Depois da enxurrada de reações negativas que tomou conta do mercado logo após o anúncio das tarifas extras impostas por Donald Trump, os investidores começaram a recalibrar as apostas nesta sexta-feira (1º). Com uma análise mais detalhada das medidas e dos seus impactos específicos para diferentes setores, algumas ações conseguiram virar o jogo, enquanto outras seguiram em terreno volátil.

No foco da atenção, o setor frigorífico, que foi um dos mais castigados na véspera, deu sinais de recuperação. BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) registraram alta após caírem forte no pregão anterior, demonstrando que os temores iniciais podem ter sido exagerados. A BRF avançou 1,35%, fechando a R$ 20,32, enquanto a Marfrig subiu 0,56%, cotada a R$ 21,42. Para efeito de comparação, no dia anterior, as perdas tinham sido de 5,65% e 10,20%, respectivamente.

O motivo para o alívio veio da própria Marfrig, que comunicou ao mercado que suas operações no Brasil continuam plenamente normais, sem interrupções nem impactos relevantes na receita ou rentabilidade causados pelas novas tarifas americanas. A companhia também explicou que sua presença no mercado dos EUA ocorre principalmente por meio de operações no Uruguai e na Argentina, totalizando 27 mil toneladas exportadas em 2025 — um volume que reduz a exposição direta ao impacto tarifário.

Além disso, analistas do Goldman Sachs reforçaram que, embora o tarifaço represente um risco macroeconômico mais amplo, a curto prazo não se esperam grandes efeitos negativos para o setor frigorífico. Um dos principais motivos é a crescente diversificação do comércio brasileiro, com destaque para a ampliação do comércio de commodities com a China, que pode compensar eventuais perdas no mercado americano.

Por outro lado, a Embraer (EMBR3) apresentou queda de 2%, encerrando a sessão a R$ 79,05, após duas sessões consecutivas de forte alta. O motivo do rali anterior foi a inclusão dos produtos da companhia na lista de exceções da tarifa americana, o que reduziu a sobretaxa de 50% para 10%. Essa medida foi vista como altamente positiva pelos investidores, uma vez que reduz consideravelmente o risco direto à receita da Embraer, que tem cerca de 30% do faturamento vindo do mercado dos EUA.

Segundo a Genial Investimentos, a isenção pode preservar até 5 a 6 pontos percentuais da margem EBIT da Embraer, evitando um impacto significativo que poderia comprometer seus resultados no curto prazo. Ainda assim, a realização de lucros pelos investidores após o rali é natural e contribuiu para a queda observada.

Essa movimentação reflete um ajuste mais racional dos mercados, que começam a analisar as medidas tarifárias com nuances, separando o impacto real do temor inicial. Enquanto o setor frigorífico mostra resiliência e capacidade de adaptação, a Embraer consegue minimizar riscos graças à isenção parcial nas tarifas.

O mercado segue atento para os desdobramentos das negociações entre Brasil e EUA e para possíveis novas definições que possam afetar setores-chave da economia. Por ora, a lição é clara: em meio a turbulências globais, a diversificação de mercados e a resposta rápida a mudanças regulatórias podem fazer toda a diferença na performance das empresas listadas.


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