Elon Musk e a Tesla enfrentam uma nova batalha judicial após serem acusados de fraude por acionistas, que afirmam ter sido enganados sobre a real segurança e viabilidade dos veículos autônomos da empresa. A ação coletiva foi protocolada na noite de segunda-feira (4) no tribunal federal de Austin, no Texas, poucos dias após o teste público do tão aguardado robotáxi da Tesla, que acabou gerando mais preocupações do que confiança.
Durante os testes, os veículos autônomos foram flagrados cometendo erros sérios: trafegando em alta velocidade, freando bruscamente sem necessidade, invadindo calçadas, entrando na pista errada e até deixando passageiros no meio de avenidas movimentadas. A exibição pública do projeto, que deveria demonstrar avanços, acabou alimentando dúvidas sobre a segurança da tecnologia.
Como resultado, as ações da Tesla despencaram 6,1% em apenas dois dias, eliminando aproximadamente US$ 68 bilhões (cerca de R$ 350 bilhões) em valor de mercado. Os investidores reagiram com ceticismo ao desempenho dos veículos e, segundo a denúncia, perceberam que podem ter sido vítimas de promessas exageradas.
A ação é liderada por Denise Morand, acionista da Tesla, e busca compensações para investidores que compraram papéis da empresa entre 19 de abril de 2023 e 22 de junho de 2025. Os autores acusam Musk e outros executivos, incluindo o atual e o ex-diretor financeiro, de inflar artificialmente o valor das ações ao exagerar o potencial dos robotáxis e da tecnologia de direção autônoma como um todo.
A acusação cita declarações feitas por Musk em uma conferência no dia 22 de abril, onde o bilionário garantiu que a empresa estava focada em lançar os robotáxis em Austin ainda em junho. No mesmo dia, a Tesla emitiu um comunicado alegando que sua tecnologia oferecia uma solução “escalável e segura” para diferentes regiões e situações. Para os acionistas, essas afirmações se provaram infundadas após o desempenho decepcionante nos testes.
Essa não é a única dor de cabeça jurídica da Tesla relacionada à sua tecnologia de direção autônoma. Recentemente, um júri da Flórida responsabilizou a empresa por 33% em um acidente fatal ocorrido em 2019, envolvendo seu software de direção automática, condenando a companhia a pagar cerca de US$ 243 milhões em indenizações. A Tesla anunciou que irá recorrer, culpando o motorista pelo acidente.
A ofensiva judicial coloca em xeque a principal aposta de futuro da Tesla em meio a um cenário de queda na demanda por seus modelos tradicionais de veículos elétricos e críticas às posturas políticas de Musk. O próprio CEO afirmou que pretende oferecer o serviço de robotáxis para metade da população dos EUA ainda este ano, mas o desafio agora vai muito além da tecnologia — envolve convencer reguladores e reconquistar a confiança do mercado.
Com os olhos do público, da justiça e dos investidores voltados para os próximos passos da empresa, a promessa de um futuro dominado por robotáxis pode estar mais distante do que Elon Musk gostaria.
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